26 de outubro de 2011

Sobre "Frente e Verso"

Eu sempre gostei muito de ler. Quando eu era mais nova, meu pai me dava livros infanto-juvenis aos montes. Li muita mitologia afro brasileira, principalmente, mas li muitas outras coisas recomendadas por ele, como "O estranho caso do cachorro morto", escrito por Mark Haddon, que até hoje é um dos meus livros favoritos e foi o motivador do meu interesse por autismo, interesse esse cultivado até hoje.
Aos poucos, quando eu tinha por volta de 12 ou 13 anos, comecei a me interessar por romances voltados para meninas da minha idade e aos 14 anos eu tinha lido todos os livros lançados em português da Meg Cabot e mais alguns de outras autoras com linguagem semelhante.
Tudo isso só pra deixar claro o quanto eu sempre gostei de ler. Simultaneamente à minha época devoradora de livros da Meg Cabot, comecei também a escrever minhas próprias histórias, nas quais eu colocava nas minhas personagens tudo aquilo que eu desejava ser e em suas aventuras tudo aquilo que eu gostaria de realizar na minha vida.


Aos poucos, os livros que antes me encantavam tanto passaram a não ser mais tão atrativos pra mim e eu quis encontrar histórias mais condizentes com a minha nova realidade, histórias um pouco menos pré adolescentes. Assim, procurando na internet, vi uma recomendação do livro "A rosa do inverno", da Meg Cabot sob o pseudônimo de Patricia Cabot, que era um livro mais adulto, uma outra faceta da minha autora favorita. Foi o primeiro livro com conteúdo quase erótico que acabei lendo, e me encantei. A sutileza das palavras e a realidade que aquelas páginas transmitiam pra mim era incrível.
Esse ano, pela primeira vez, li um livro com temática lésbica. Comecei primeiro lendo o blog Fucking Mia, recomendado por uma amiga, e me encantei por ele. Li o blog inteiro em pouquíssimo tempo e até hoje leio sempre as atualizações. No meio das minhas leituras virtuais e de pesquisas sobre homossexualidade e afins na internet, acabei chegando a outras autoras e comprei o livro da Diedra Roiz, “O livro secreto das mentiras e medos”, que devorei de uma forma absurda. Adorei o livro, fiquei inconformada que ele acabou, queria que tivesse uma continuação... E precisava desesperadamente de alguém para compartilhar meu encantamento, então o emprestei para a minha namorada que também devorou o livro e também gostou tanto quanto eu.


Depois dessa descoberta incrível, eu queria muito achar outros livros com temática lésbica para ler e cheguei ao site da Editora Malagueta, que só publica livros de autoras lésbicas com temática lésbica. Fui então procurar os livros na Livraria Cultura (o que me rendeu um momento de raiva, pois os livros LGBT estão numa estante minúscula ao lado dos livros de erotismo e não tem nenhuma placa indicando que ali é a sessão LGBT da livraria, mas isso talvez renda outro post...) e me empolguei xeretando por lá, apesar de não ter comprado nada.
Com muitas coisas que andaram acontecendo, eu fui cada vez mais diminuindo minha freqüência de escrita. Parei de escrever inclusive para mim mesma, entrei num período de bloqueio que não tinha idéias para meus blogs, não conseguia elaborar textos que me satisfizessem e minha namorada vivia me dizendo que eu deveria voltar a escrever, que ela sentia falta disso em mim e coisas assim.
Então, um professor meu da faculdade passou um trabalho sobre assuntos polêmicos e eu rapidamente tomei conta do tema “Direitos sexuais e tolerância” e comecei a pesquisar no mesmo dia que ele passou o trabalho. Nessa mesma semana, minha namorada apareceu na minha casa com um livro da Editora Malagueta, que era lançamento, o livro “Frente e verso – visões da lesbianidade”, composto por artigos de Lúcia Facco, Laura Bacellar e Hanna Korich sobre o universo homossexual, questões engraçadas, história da literatura lésbica, questões atuais, preconceito, auto-aceitação, entre outros.
Para explicar o impacto desse livro na minha vida, vou dizer o seguinte: tudo isso que escrevi até agora foi só para chegar nesse livro. Já faz algum tempo que terminei de ler e inclusive já emprestei para uma amiga que gostou tanto dele quanto eu. Além da forma amigável e, ao mesmo tempo, séria de escrever, as autoras discutem questões importantíssimas e também questões curiosas e trazem informações relevantes para todas as pessoas, não apenas as lésbicas. Elas abordam temas como as lésbicas que se assumem apenas virtualmente, sobre as lésbicas no cinema e nas novelas, sobre as principais autoras da literatura lésbica, sobre preconceito e religiosidade, sobre a visão errônea que muitas pessoas têm dos homossexuais como pervertidos, sobre homofobia internalizada, sobre a forma como as lésbicas se vestem, as questões familiares, sobre as origens do termo ‘lésbica’, sobre as questões legais como união homoafetiva e união civil homossexual... É tanto assunto que eu, tentando dar um panorama geral, acabei falando um monte de coisa. Tudo isso pra dizer que vale a pena.

O livro não só me ajudou no desenvolvimento do meu trabalho para a faculdade como também foi o meu salvador. Foi ele que me motivou a voltar a escrever, foi ele que me tirou daquele bloqueio horrível que estava acabando comigo e, devo dizer, estou me sentindo incrivelmente melhor de ter conseguido voltar a escrever, por mais bobos que meus assuntos possam ser.
Acho que o livro é de extrema utilidade para qualquer um, mas o último texto, sobre homofobia, foi um texto que me tocou especialmente. Nem quero falar sobre ele aqui, porque ele já me rendeu um texto aqui e também já me rendeu uma boa reflexão pessoal. Além disso, se alguém ler esse meu post eu espero que essa pessoa fique um pouquinho curiosa e vá procurar o livro porque, acreditem, vale muito a pena.

Lúcia Facco, Laura Bacellar, Hanna Korich e minha namorada, meu amor lindo, muito obrigada por esse presente na minha vida.

PS.: por recomendação de um dos artigos do livro, estou lendo um livro incrível da Cassandra Rios, quando eu terminá-lo posso escrever alguma coisa por aqui.


Imagens: Tumblr.

21 de outubro de 2011

Enquanto ela está fora

Hey There Delilah

Plain White T's

 Hey there Delilah
what's it like in New York city
I'm a thousand miles away
but girl tonight you look so pretty
yes you do
time square can't shine as bright as you
I swear it's true

Hey there Delilah
don't you worry about the distance
I'm right there if you get lonely
give this song another listen
close your eyes
listen to my voice it's my disguise
I'm by your side

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
what you do to me

Hey there Delilah
I know times are gettin hard
but just believe me girl
someday i'll pay the bills with this guitar
we'll have it good
we'll have the life we knew we would
my word is good

Hey there Delilah
I've got so much left to say
if every simple song i wrote to you
would take your breath away
I'd write it all
even more in love with me you'd fall
we'd have it all

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me

A thousand miles seems pretty far
but they've got planes and trains and cars
I'd walk to you if I had no other way
our friends would all make fun of us
and we'll just laugh along because we know
that none of them have felt this way
Delilah I can promise you
that by the time that we get through
the world will never ever be the same
and you're to blame

Hey there Delilah
you be good and don't you miss me
two more years and you'll be done with school
and I'll be makin' history like I do
you know it's all because of you
we can do whatever we want to
Hey there Delilah here's to you
this one's for you

Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
Oh it's what you do to me
what you do to me




Tradução
 Hey Dalila,
Como está ai em New York?
Eu estou a mil milhas longe daí
Mas menina hoje você está tão bonita,
Sim você está
Time Square não consegue brilhar tanto quanto você
Eu juro que é verdade

Hey Dalila,
Não se preocupe com a distância
Eu estou lá se você se sentir sozinha
Ouça essa música mais uma vez
Feche seus olhos
Escute minha voz, é meu disfarce
Eu estou ao teu lado

Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
O que você faz comigo

Hey Dalila,
Eu sei que os tempos estão se tornando difíceis
Mas acredite em mim menina
Algum dia eu pagarei as contas com esse violão
Nós teremos isto
Nós teremos a vida que sabíamos que teríamos
Minha palavra é de confiança

Hey Dalila,
Eu ainda tenho tanto pra falar
Se cada simples música que eu escrevi pra você
Pudesse tirar seu fôlego
Eu escreveria todas elas
E ainda mais apaixonada por mim você ficaria
Nós teríamos tudo

Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo

Mil milhas parecem muito longe
Mas eles tem aviões e trens e carros
Eu andaria até você se não tivesse outro jeito
Nossos amigos iriam rir de nós
E nós vamos rir junto porque nós sabemos
Que nenhum deles nunca se sentiu assim
Dalila, eu posso te prometer
Que quando passarmos por tudo
O mundo nunca mais será o mesmo
E você é a responsável

Hey Dalila,
Seja boa e não sinta minha falta
Mais dois anos e você vai ter terminado a escola
E eu estarei fazendo história como eu faço
Você saberá que tudo é só por sua causa
Nós podemos fazer o que quisermos
Hey Dalila, aqui está pra você
Esta é pra você

Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
Oh é o que você faz comigo
O que você faz comigo

(vídeo cover da música que eu gostei bastante)



(achei que era importante ter uma mulher cantando, apesar e não ter gostado muito desse cover :/)

11 de outubro de 2011

As vantagens de namorar uma mulher

Este post foi, como o anterior, motivado pela leitura do livro "Frente e verso - visões da lesbianidade", especialmente pelo capítulo "A vantagem de ser lésbica", escrito por Hanna Korich.

Quando terminei de ler o capítulo do livro, fiquei pensando: e não é que existem milhões de vantagens em namorar uma mulher?
Não foram poucas as vezes que vi amigas minhas com os olhinhos brilhando me ouvindo contar de alguma surpresa que fiz para minha namorada ou que ela fez para mim. Muitas amigas minhas, héteros, já disseram, brincando, que vão virar lésbicas porque as mulheres são muito fofas a atenciosas.
Como eu definitivamente não tenho experiência para usar como referência, só posso dizer do modo como eu me porto com a minha namorada e como ela se porta comigo e de como são os casais de mulheres com os quais convivemos e, observando essas referências, eu posso dizer sem dúvidas que as mulheres são mesmo muito românticas.
Namorando uma mulher, você pode escrever cartinhas melosas, dar flores ou um bichinho de pelúcia sem medo de que seja muito "gay" e, mais bacana ainda do que isso: as chances de você ganhar todas essas coisas são ainda maiores!
Além disso, mulher entende de coisa de mulher. Isso significa que a chance de a sua namorada acertar no presente é muito maior do que a chance de um homem acertar. Sem contar que, por serem duas mulheres se relacionando, vai haver uma facilidade maior de entender as TPMs, as crises tipicamente femininas de ciúmes, as delicadezas de cada uma, as incertezas, os desejos.
Com uma mulher, você pode compartilhar suas intimidades sem ter vergonha porque ela não vai entender. Uma mulher nunca vai te desrespeitar por ser mulher, afinal, ela também é uma, não?
As vantagens são muitas e tenho certeza de que cada mulher vai saber citar outras vantagens que ela considera. O relacionamento entre mulheres, para mim, parece muito mais intenso, sentimental e profundo do que o relacionamento entre homem e mulher.
Talvez seja um pouco de heterofobia da minha parte, mas depois que passei a me relacionar com mulheres, frequentemente eu vejo um casal homossexual como mais apaixonado do que um casal heterossexual.
Mulheres são delicadas, atensiosas, compreensivas, companheiras, românticas, cuidadosas... que mulher não sonha com alguém assim na vida?
Pois é...

Homofobia

Posso dizer que, nos meus poucos meses realmente assumida - andando na rua de mãos dadas, falando normalmente da minha namorada para os meus amigos, etc - eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito por gostar de outra mulher. Minha namorada também nunca me contou nenhuma situação que tenha vivido e as amigas que temos também nunca mencionaram nada. Assim, fica fácil idealizar que não existe preconceito nenhum, que o mundo está melhorando, que as pessoas estão aprendendo a aceitar os homossexuais e que tudo caminha às mil maravilhas... mas não é assim.
Poucos dias atrás, eu me dei conta da sorte que tenho. Me dei conta de que, apesar de ter sofrido no início e ter sido difícil, eu tenho uma família incrível. Uma irmã que não só aceitou super bem o fato de eu ficar com mulheres como quase não conseguiu entender porquê eu fiz tanto drama para comunicá-la. Tenho uma mãe que, apesar de ter ficado triste e reagido bem mal no começo, hoje já me aceitou e já consegue lidar naturalmente com a presença da minha namorada em casa e com as minhas noites passadas fora com ela. Tenho um pai que está no processo de aceitação e que, apesar de ainda não ter conseguido entender completamente, pelo menos eu sei que me ama e que está tentando deixar esse incômodo passar.
Além disso, eu vivo em um ambiente privilegiado. Meus amigos, colegas, professores, médicos, enfim, as pessoas que eu tenho contato no dia-a-dia, são pessoas esclarecidas que, por mais que não concordem, entendem a importância do respeito ao outro e nunca me falaram nenhuma palavra ofensiva. Nem mesmo uma colega evangélica que eu tenho na faculdade que me disse com todas as letras que acha que o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é pecado e que ela não acha certo, me disse uma palavra ofensiva. Muito pelo contrário, ela me disse que não concordava com o meu modo de vida mas que me respeitava, à medida que eu também lhe devo respeito.
Convivendo com pessoas e familiares assim, não é difícil de entender que às vezes eu chegue a quase acreditar que a homofobia está se extinguindo, mas, no fundo, eu sei que ela não está. Eu sei porque eu leio, porque vejo notícias na internet, porque ouço sobre os crimes homofóbicos que continuam acontecendo na minha própria cidade, nos lugares que eu costumo frequentar constantemente.
Acho que é muito fácil dizer que nada está acontecendo quando ninguém está mexendo no seu quintal. Enquanto eu estiver segura, enquanto eu não me sentir ameaçada por andar de mãos dadas com a minha namorada na rua, enquanto eu não tiver medo de sofrer violência física ou psicológica, é muito tranquilo para mim ficar quieta e achar que a homofobia está acabando.
O discurso cada vez mais frequente contra a homofobia e as discussões cada vez mais acaloradas e mais presentes na mídia a respeito dos direitos dos homossexuais dão a falsa impressão de que o preconceito está deixando de existir, mas ainda existem muitas crianças e adolescentes que sofrem bullying por serem homossexuais, ainda existem gays e lésbicas que se suicidam por acreditarem que são uma aberração ou por não aguentarem a discriminação que sofrem, ainda existem mães que expulsam seus filhos de casa pela "escolha" pecaminosa que eles fizeram para suas vidas.
A homofobia não só existe como contribui para a ignorância a respeito da homossexualidade. Enquanto ainda houver esse preconceito, os professores não vão ensinar as crianças como se proteger numa relação homossexual nas aulas de educação sexual que eu tenho certeza que existem em praticamente todas as escolas. Enquanto existir homofobia, a questão da homossexualidade, o que ela é e de onde ela vem não será esclarecida e continuarão a existir pessoas que acreditam que a homossexualidade é uma doença, um distúrbio, uma anormalidade ou uma opção. Enquanto pessoas forem discriminadas por sua orientação sexual, continuarão a existir muitos sofredores, que acreditam que foram condenados a viver em pecado e que nunca conseguirão assumir sua homossexualidade nem mesmo para si mesmo, quem dirá para os outros.
Acho que já passou da hora das instituições sociais olharem para a homofobia da forma como deve ser, de incluírem o assunto nas escolas, nos debates, nas novelas, nos comerciais. Já passou da hora das famílias homossexuais e heterossexuais conviverem normalmente e as crianças considerarem normal ter coleguinhas na escola que tem dois pais, outros que tem duas mães e outros que tem um pai e uma mãe (além dos outros tipos de famílias de mães/pais solteiros, etc).
Considero válido citar aqui o comercial de um jornal, se não me engano, no qual o filho está sentado no banco de trás do carro e seu pai está dirigindo o carro, quando o menino diz algo como: "Pai, na minha escola tem um menino que tem dois pais. Isso quer dizer que tem algum menino por aí que tem duas mães, né?". Acho bonito o comercial, pois mostra esse mundo ideal que eu gostaria que nós vivêssemos atualmente. Um mundo no qual ser homossexual ou ser heterossexual não seja uma grande diferença entre as pessoas. Um mundo no qual uma criança faça esse tipo de pergunta pela sua inocência e inexperiência de criança, sem achar estranho o fato de ter um coleguinha com dois pais. Um mundo no qual eu seja vista por ser eu mesma, oras sendo vista pela minha profissão, oras por ser a filha da Fulana ou a amiga do Ciclano, mas nunca exclusivamente por ser aquela lésbica X. Ser homossexual é apenas uma faceta de nossas vidas. Ou será que alguém acha que ser pai, filho, irmão, colega, chefe, empregado, proprietário, etc, é a única coisa que alguém pode ser na vida? Todas as pessoas são mil coisas simultaneamentes e sua sexualidade é apenas uma dessas coisas, que não deve ter mais ou menos importância do que todo o resto.




Um agradecimento especial à Lúcia Facco, por seu texto "A homofobia acabou?", no livro "Frente e verso - visões da lesbianidade", que foi o motivador deste post.

21 de julho de 2011

Hora de dormir

E a hora de dormir é a mais difícil...





A hora que vou para a cama e me deito é sempre a mais difícil, quando ela não está. Fico procurando o que fazer, me entretendo com coisas bobas, adiando o inevitável: minha cama sem ela. Tento retardar ao máximo o momento, para chegar a um ponto que o sono é tanto que meus olhos não darão tempo para meu coração apertar de saudade, sentindo falta do calor, do conforto, do carinho... do cheiro dela perto de mim, do jeito que encaixamos nossos corpos.
Mas quando me deito, quando enfim chega o momento, é solitário como sempre. Minha cama é só a minha cama, que parece mil vezes maior agora que eu não preciso que ela seja... É uma cama fria, vazia, que não abriga minha solidão, que me deixa abandonada, sem a segurança que eu tenho quando ela está aqui.

6 de julho de 2011

Gosto mesmo!

- Eu não sabia o que era sexo antes de você.



 
Ouvir estas palavras da sua namorada é absurdamente incrível, mas ouvir estas palavras da sua namorada, sabendo que ela é uma mulher experiente e que já teve muitas mulheres na vida e que, além disso, ela gosta pra caramba de sexo e sempre soube muito bem o que estava fazendo, é uma sensação imensurável.
Eu estava com a mão esquerda enfiada entre as pernas dela, sentindo toda aquela umidade deliciosa escorrer pelas suas coxas, me esbaldando naquele sexo incrível... quando percebi o quanto eu gosto daquilo. Olhei para ela, entregue a mim, pulsando de desejo e me levando para ela com uma vontade agonizante. Meus dedos manipulavam-na, eu podia sentir cada detalhe, me perdendo naquele calor contagiante. A sensação de tocá-la, sentí-la, saber que eu poderia dar prazer àquela mulher maravilhosa, era inexplicável. Sentir meu próprio corpo responder ao meu toque nela, sem nem precisar ser tocada para isso. Sentir meu líquido escorrendo tanto quanto o dela, só de saber que eu a tinha para mim naquela situação... Era incrível.
Perdida entre desejos, sensações e ações, eu só conseguia pensar no quanto eu amava estar ali. Amava sentí-la, amava o cheiro de seu sexo, o cheiro do nosso sexo misturado. Amava me lambuzar entre suas pernas, sentir que meus dedos e minha língua tinham poderes sobre ela, ouvindo suspiros involuntários e sentindo as pernas começarem a se contrair... E, enfim, a satisfação. Levá-la ao ponto máximo, sentir que eu era a responsável por aquilo... E, quando tudo chegou ao fim, ouvir a frase que fez meu ego inflar até o teto:

- Eu não sabia o que era sexo antes de você. Promete que, se a gente terminar...

- Sim, se a gente terminar a gente vai continuar fazendo sexo.






E a verdade é que eu adoro sexo. E ela também...

26 de abril de 2011

Poderia durar para sempre

A sensação de sentir o corpo dela no meu, nu, macio, me aquecendo. Deitar-me sobre ela e sentir o encontro das nossas barrigas, nossos seios. Afundar meu rosto em seu pescoço, sentir seu cabelo, beijar sua orelha. Agarrar seus ombros com meus braços. Simplesmente delicioso.
Depois descer, acomodar meu quadril entre suas pernas, sentí-la em mim. Sentir meu peito se acomodar nela, minha cabeça em sua barriga, tentando guardar a sensação. Me perdendo ali, acariciando sua pele com meu rosto - ou seria o contrário?
Vontade imensa de me fixar ali, não sair nunca mais. Vontade tanta que meu corpo não seria capaz de exprimir, que minhas mãos e meus braços por mais fortes que fossem não seriam suficientes. Queria tê-la em mim. Entrar, encarnar, possuir, ser uma coisa só.
Não seria nem grudar, seria juntar, unir, transformar. Ser ela.
Podia passar horas nessa contemplação, nesse não fazer nada mais do que delicioso. Apenas ficar ali, sentindo que ela era minha e sabendo que eu era dela. E dormir ali, morrer ali, desaparecer para sempre. Não me importaria, desde que eu estivesse ali.
E ficamos, tranquilas, no escuro. Eu com ela e ela comigo.



- Boa noite, amor.

3 de abril de 2011

Desejo

Novamente sinto aquele desejo pulsante de tê-la em cima de mim.
Ou de colocar-me em cima de você, o que for.
De estar junto, sentindo o contato do meu corpo no seu, sentindo a sua pulsação por mim também.
De deslizar minhas mãos por todo o seu corpo, me apegando a todas as reações. De te permitir me descobrir com seus toques e beijos...
A cama nunca parece completa sem você, sem o seu corpo no meu, sem o seu cheiro no ar, sem o seu suor molhando os cabelos que se bagunçam e se atrapalham pelo seu rosto.
Quero sentir cada canto seu, ouvir seu ofegar no meu ouvido aumentando gradualmente até desabrochar num gemido delicioso, trazendo uma sensação de paz e entrega absoluta.
Quero ver sua cara cansada, seus olhos buscando os meus enquanto sua boca se move procurando expressão, para terminar numa mordida discreta dos labios inferiores ou numa umedecida maravilhosa.
Não quero descanso, quero te ter repetidas vezes, impossibilitando qualquer tipo de respiro, pra no final ouvir obter a constatação de que você adora tudo isso tanto quanto eu - ou mais...
Quero deitar no seu ombro, me entregar absolutamente em suas mãos, em seus carinhos, em seus beijos, em seus cuidados. Quero me colocar ali, pra você, pra sempre, como quem diz sem precisar usar palavras "eu sou sua".
Porque é isso que sou, sua. Completamente sua, completamente rendida, completamente enlouquecida e perdida em desejos e vontades e sonhos e ansiedades e amores...
E, se tudo isso não for possível, quero deitar-me ao seu lado, encaixar-me entre suas pernas, apoiar-me em seus cantos e simplesmente sentir o momento de estar ali, sendo sua de qualquer forma, de qualquer jeito, inevitavelmente. E sabendo, com certeza, que tudo aquilo que estou agarrando com meus braços e pernas naquele momento, é apenas meu.

24 de março de 2011

Hug me


Apenas lembrando da sensação de estar no seu abraço. De sentir seus braços acolhendo meu corpo, seu peito contra o meu. Sentir que nossos corações se encontram, sentir que tudo o que eu sinto por você, você sente por mim. E apoiar minha cabeça no seu ombro, fechar os olhos e apenas apreciar aquele momento de estar ali, com o coração pulsando, a mente relaxada e o corpo em êxtase. É absolutamente incrível como às vezes eu sinto que o mundo pode acabar, mas que tudo ficará bem se eu estiver num abraço seu.

Para sonhar

Sabe com que imagem eu estou indo dormir na cabeça?

Com a imagem de quando eu estava numa ponta da mesa de sinuca e ela do lado oposto, virada para mim, com as mãos apoiadas na borda da mesa, os ombros levemente encolhidos, a camiseta um pouco emaranhada no meio e me olhando fixamente, formando um sorriso malicioso na boca, me instigando, me deixando curiosa por saber o que se passava na sua cabeça. O cabelo praticamente arrumado, com um fio da franja colocado pro lado errado, mas ainda assim lindo, como sempre. E a pele super branca destacada na luz forte da luminária acima da mesa, quase brilhando de tão clara. Havia uma mesa inteira entre nós, mas ainda assim eu conseguia sentir que algo estava nos unindo.

Ela estava simplesmente linda, simplesmente minha.

13 de março de 2011

Sobra tanto espaço dentro do abraço

Agora me veio você à cabeça. É claro que você está o tempo inteiro por aqui, mas em alguns momentos é mais forte, como agora. Agora que eu não estou mais grudadinha em você na cama, como passei o resto do dia, e que você está dormindo sozinha.
Consigo visualizar perfeitamente você dormindo, mesmo sem estar te observando agora. Consigo imaginar seus olhinhos fechados, o rosto relaxado, o cabelo bagunçado - se bem que agora possivelmente ele está preso - as mãos tão lindas largadas...
É engraçado como eu sinto que poderia passar horas te observando dormir. Aliás acho que poderia passar horas te observando fazer qualquer coisa.
É lindo ver como você é cuidadosa com tudo o que faz. Adoro te observar fazer as coisas mais bobas, como mecher na televisão, tomar um gole de cerveja ou lavar a louça. Gosto de te ver cozinhar ou cuidar de mim ou de qualquer outra pessoa com um jeitinho todo seu. Quando você está mais distraída é que é mais gostoso de ver, quando você pensa que eu só estou parada a toa e na verdade eu estou boba com o coração batendo forte só de saber que você está ali.
Gosto de te ver acordando. Ou então com a cara de sono que você estava hoje quando pegamos o ônibus, como se estivesse dormindo ainda... You know that place between asleep and awake? That place where you still remember dreaming?
Queria estar aí, pra sentir o seu ombro confortável, passar meu braço pela sua cintura e só aproveitar o estar junto com você.
Eu posso passar o dia inteiro com você ou até a semana inteira sem desgrudar e sempre será pouco, eu sempre vou querer mais de você, meu vício, meu amor.
Não esperava me sentir assim novamente tão cedo, mas você não me deixou escolhas, você apareceu, entrou, conquistou e dominou tudo. Simples assim, como quem chega para uma visita de dois dias e acaba ficando pra vida inteira.

10 de março de 2011

Love you.

Refletindo e amando

Fiz o blog para registrar experiências e falar sobre assuntos que não me sentia confortável ou achava que não poderia conversar com a maioria das pessoas, mas isso mudou. Eu não acho mais que os assuntos que eu costumava tratar aqui não podem ser falados com todo mundo. Por mais que na família a coisa toda ainda esteja em partes escondida, todo o resto já aceitou como uma verdade e já não questiona e estranha mais, o que é ótimo.
Ontem um amigo veio falar comigo. Eu não tinha comentado nada com ele sobre ficar com mulheres porque não sabia o que ele pensava do assunto - e foi ele que me apresentou ao meu ex, de certa forma - mas tinha comentado com a namorada dele, que é minha amiga há tempos, que acabou contando pra ele na última semana. Eu não sabia disso e ontem ele estava falando de combinar de passar um feriado na casa dele e soltou um "e trás sua namorada". OI?
Passado o choque inicial de minha-amiga-contou-meu-segredo-que-não-deveria-mais-ser-segredo, fiquei tranquila e ele começou com brincadeiras do tipo "você tem bom gosto, gosta da mesma coisa que eu" (brincadeira aceitável, porque realmente, olhem para uma mulher e para um homem e me digam que realmente não acham que uma mulher é muitíssimo mais interessante), mas logo pediu desculpas e começou a falar sério. Aí ele disse que me admira.
Esse foi o segundo momento OI? da conversa, porque eu não entendi nada. Então ele explicou: "você basicamente largou tudo e não se preocupou com as regras que a sociedade impõe". Hum, estou quebrando uma regra? Então quer dizer que o que estou fazendo é errado? Não, logo depois ele concordou que o conceito de "certo" é relativo. Mas sinceramente, porque alguém admiraria outra pessoa por se sentir livre pra amar e sentir tudo como ela bem entender? Porque isso seria uma coisa a se orgulhar?
É um absurdo que as pessoas falem que eu sou corajosa. Corajosa porque, me diz? Eu sou a pessoa mais medrosa e covarde do mundo, sempre fui. Então me aparece alguém que diz que me admira por... não consigo entender. Da mesma maneira que não consegui entender o cara que diz pra menina que ele está ficando que não teria ficado com ela se soubesse que ela já tinha beijado mulheres. Aliás, o problema não era só esse, era também por ela ter beijado 5 mulheres e não se assumir bissexual. PORQUE TODO MUNDO PRECISA DE RÓTULOS? Eu não estou me importando minimamente com a placa que as pessoas estão visualizando pendurada no meu pescoço agora. Porque eu preciso me preocupar com isso?
É a mesma coisa que a minha mãe me pedir para ser discreta, porque as pessoas podem ficar com uma imagem errada de mim (sim, ela fez isso). Imagem errada? Eu sou uma garota que namora outra, porque precisam ficar definindo isso o tempo inteiro?
Sempre dizem que o amor é isso, o amor é aquilo... então deixem que seja amor! É amor, amor, amor. Amor não precisa de definição, não precisa de rótulo, não precisa ser descrito, é puramente amor e pronto, isso basta.

Tudo isso me faz citar Drummond:

"Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários"

E me lembra de uma cena de Lost and Delirious que eu adoro:
 
"Paulie:

Lesbian? You think I'm a lesbian? Mary:

You're a girl in love with a girl, aren't you? Paulie:

No, I'm Paulie in love with Tori! And Tori is - she is in love with me, because she is mine and I am hers! And neither of us are lesbians!"

 
É a pura explicação do que eu quis dizer: não precisamos de rótulos. É batido falar isso, mas é uma coisa que eu percebi agora que tem me incomodado.
E eu estou feliz como nunca, isso deveria ser suficiente. Se bem que não posso reclamar, as pessoas com as quais eu convivo ultimamente são incríveis e compartilham minhas idéias e pensamentos.
E ela? Ela é maravilhosa. Sem mais. Sabe aquela pessoa que quando passa, causa impacto? Que quando chega no ambiente, tudo fica mais bonito, tudo ganha mais cor? Que você sente que pode passar horas observando seu rosto, seus olhos, seu cabelo, seu sorriso... E que você nunca vai se cansar?

Essa é a minha namorada.

E eu estou apaixonada.

E pronto.

1 de março de 2011

Julieta e Julieta

Procurando textos na internet, me apareceu esse:

"O que há de errado se uma mulher disser que não quer um Romeu, mas sim uma Julieta? Ou uma mulher disser que não quer ser salva por um príncipe encantado, mas sim que quer salvar a donzela?"

Não sei quem é o autor, mas gostei :)

21 de fevereiro de 2011

Adoro

Depois do gosto, vem o adoro...


Adoro o sorriso dela, a forma como às vezes o lábio superior forma uma pontinha pra baixo, as covinhas que se formam na lateral... O olhar que ela faz quando sorri pra mim, o jeitinho que ela fica. Ou então aquela mordidinha na boca, quando ela puxa uma parte do lábio com os dentes e me encara, porque sabe que eu adoro aquilo. Adoro a carinha de boba que ela faz de vez em quando, me olhando enquanto andamos na rua ou quando me observa comer. Adoro a expressão relaxada quando ela me olha deitada e descabelada... Adoro, adoro, adoro.
Adoro receber uma mensagem fofa ou chegar em casa e ver que tinha um e-mail. Adoro quando ela comenta de alguma coisa que gosta e eu fico empolgada junto falando que gosto também (geralmente comida!). Adoro conversar com ela, adoro abraçar ela, adoro rir junto com ela, passear, andar de mãos dadas, dar beijinhos na bochecha e ouvir coisinhas fofas... É, eu adoro, adoro, adoro. Muito mesmo.

3 de fevereiro de 2011

Eu gosto.

Gosto do jeito dela, do sorriso. Gosto de observar o modo como ela segura a garrafa de cerveja, como a leva à boca. Gosto do jeitinho dela de dançar quando ouve uma música que acha boa. Gosto de quando ela para só pra me abraçar e dar um beijo. Gosto de quando ela chega pertinho do meu pescoço, quando me deixa arrepiada como se não soubesse, mas ela sabe.

Gosto do jeito que ela me olha, gosto de quando ela me pede alguma coisa. Gosto de quando ela me surpreende, citando Moulin Rouge, me dando uma flor ou trazendo uma bebida que eu comentei que gostava. Gosto de agarrar ela pelo pescoço, abraçar e sentir o contato. Gosto do jeito que ela me puxa pela roupa e me agarra. Gosto do beijo dela, tão macio...

Gosto da atenção dela, do jeito como cuida de mim. Gosto de chegar nos lugares e ver que ela já está lá. Aliás, adoro o momento em que estou chegando, olhando pra ela e ela olhando pra mim, com uma troca de sorrisos deliciosa. Gosto de quando ela canta no meu ouvido... Gosto de conversar com ela, sobre qualquer coisa.

Gosto dela, do jeito dela. Gosto da voz dela, do jeito que ela fala ao telefone quando me liga só porque deu vontade. Gosto quando ela muda a voz pra falar alguma coisa, de um jeitinho muito fofo.

Gosto do cabelo dela, da pele... Do cheiro. Do cheirinho dela, tão gostoso, tão dela! Gosto de abraçar ela por trás e gosto quando ela me abraça por trás também, gosto de senti-la. É, eu gosto, gosto mesmo.

Gosto dela... e isso basta.


"All I know is that you're so nice
You're the nicest thing I've seen
I wish that we could give it a go
See if we could be something..."

 

29 de janeiro de 2011

A primeira

Esse texto foi escrito em outubro de 2010.

Estava eu conversando com a menina de Bauru no MSN na semana passada quando ela me sugeriu sair adicionando todas as meninas de São Paulo que eu encontrasse no Leskut. Enquanto eu estava xeretando no Leskut ela disse que conhecia uma menina muito legal de São Paulo e me mandou o link do perfil dela. Eu fui abrir tranquilamente e... quase tive um troço! hahaha A menina era conhecida, estudava no meu cursinho! Quase morri... Eu não conhecia, conhecia ela... Eu já tinha visto ela por lá e uma vez ela tinha sentado na minha mesa e falado comigo, mas nada excepcional e nada lembrável. Assim, na semana seguinte a menina de Bauru me disse que tinha falado com a menina do cursinho e me colocou em contato com ela no msn e desde então começamos a conversar. Esse começo de conversa foi na terça-feira e ela era super gente boa, super fofa! Eu fiquei interessada, claro! Estava com um pouco de medo por ser uma pessoa tão "real", mas ela era muito encantadora e ela tinha um blog e eu li o blog inteiro em dois dias e fiquei com uma sensação muito boa sobre ela, com muita vontade de conhecer...
De qualquer forma, numa noite de quinta-feira, outubro de 2010, acabamos marcando de nos ver (ps.: acabei de receber uma mensagem dela no celular! ps2.: só pra constar, estou escrevendo no dia seguinte ao ocorrido hahaha). Eu faço aula de dança num shopping, então combinamos de ir ao cinema logo depois da minha aula lá no shopping mesmo.
Pra ser bem sincera, na maioria das vezes eu vou totalmente esculachada pro shopping. Porque eu vou pra aula e só, então eu vou largada mesmo, não me importo muito. Mas, nesse dia... hahaha Eu tentei me arrumar, mas acho que pela pressa, nervosismo e pela falta de roupa limpa na gaveta não deu muito certo e eu saí sem estar me sentindo muito bonita. Quer dizer, eu já não me acho muito bonita, mas eu poderia ter ficado melhor... Enfim...
Fui pra aula de dança e passei a aula inteira olhando pra porta porque ela comentou que talvez chegasse mais cedo e assistisse o final da minha aula. Ok, imaginemos eu, de top e barriga de fora na aula de dança e já distraída (no final da aula eu achei que ela não ia aparecer mais) quando a menina entra na sala! Ai... Sério, total desastre. Consegui errar todos os movimentos, me distraí na coreografia, foi tenso... hahaha Mas no fim deu tudo certo.
Fomos para o cinema e compramos ingresso para o filme que ela queria assistir, Wall Street, o qual eu não sabia absolutamente naaaada a respeito. Mas o meu interesse não era realmente o filme, certo? :x
Entramos mega cedo no cinema e não tinha ninguém na sala e nós sentamos lá e eu já fiquei imaginando a gente se pegando :x Mas foi só imaginação, acho que eu não faria isso assim de cara naquela situação, só numa balada ou algo assim...
Então eu comecei a tagarelar, como sempre... Falei feito uma louca até o filme começar >< Mas tudo bem, acho que ela não achou ruim.. E sei lá, conseguimos conversar numa boa, não ficou aquela conversa nada a ver e superficial de situações sem assunto. Aí o filme começou e eu prometi pra mim mesma que ia calar a boca (e eu juro que eu tentei).
Sempre que eu vou ao cinema eu fico confusa nos primeiros cinco minutos de filme porque não consigo me concentrar direito. Mas ali a situação era oooutra.. Eu realmente não conseguia me concentrar. Tá certo que o assunto do filme já seria complicado pra eu acompanhar porque não entendo muito dessas coisas, mas de qualquer forma eu teria compreendido um pouco mais se não estivesse com um absurdo problema de concentração. Eu pensava em tudo, menos no filme. Eu juro que eu estava tentando! Mas o braço dela encostando no meu, a mão dela ali pertinho... Estava bem difícil pensar em outra coisa.
Eu sei que parece bobo, mas poxa, considerando que eu estou [estava, na época que o texto foi escrito] junto com o mesmo cara (cara, ou seja, um HOMEM) há 3 anos, beijando única e exclusivamente a boca dele e também que eu nunca tinha beijado uma menina, é totalmente aceitável que eu estivesse pirando de nervosismo, ansiedade e sei lá mais o quê. E também, eu tinha conversado com ela nos últimos dias no msn e ela realmente não parecia interessada em mim. Quer dizer, ela não tinha falado nada que desse a entender que ela tinha algum interesse. Eu sabia que ela queria ver aquele filme e as amigas dela não iam poder ir com ela, ponto.
Voltando à história, eu estava bem nervosa. Não conseguia entender o filme e de vez em quando ela fazia uns comentários que tinha que me explicar depois e coisas assim e eu comecei a achar que estava sendo uma péssima companhia até que em algum momento nós demos as mãos. Eu não lembro como chegamos aí, mas chegamos (finalmente porque eu estava ficando maluca, eu PRECISO tocar as pessoas, sério...). Aí rolou aquela desculpa tradicional de "vou esquentar sua mão que está muito gelada" e tal, mas ela é clássica porque sempre funciona, né? E eu acabei sendo bem direta e falando isso depois pra ela... (que as mãos geladas dela podiam ser úteis nessas situações).
Outro detalhe: eu adoro fazer carinho. Então eu meio que fazia carinho no braço dela e segurava a mão dela e pensava no maldito braço da poltrona entre nós que estava me irritando profundamente. Eu estava pensando se eu simplesmente levantava ele, se sugeria levantar, se esperava ela tomar uma atitude.. Enfim, demorei tanto que ela acabou pedindo pra levantar o braço e levantou. hahaha
Certo, sem mais enrolações (ou só com um pouco mais de enrolação... ahahah) ficamos nessa das mãos um bom tempo, aí tiveram uns momentos em que ela passou os dedos pela palma da minha mão e isso me arrepia instantaneamente mas acho que ela não percebeu que ela fez nem que eu reagi hahaha
Aí com algumas indiretas que eu não lembro literalmente (o nervosismo afeta minha memória...) fomos nos aproximando e etc e eu só sei que depois de um tempo ela ficou com a cabeça virada pra mim e mal olhava pro filme e eu fiquei meio.. Sei lá, não queria ser chata e só dar atenção pra ela e parecer que eu não estava interessada no filme que ela tinha escolhido mas eu também não queria parecer que não estava interessada NELA (porque eu estava e muito e a essa altura eu já estava ficando completamente doida de ainda não ter acontecido nada). Eu sei que uma hora nos beijamos. Alguma coisa me impulsionou pra virar pra ela e eu não sei se fui eu que beijei, se foi ela, se foram as duas, só sei que foi. E foi bom :) Quer dizer, foi estranhamente bom. Estranho porque, como eu disse, beijo a mesma boca a muito tempo, então foi uma sensação totalmente diferente, um beijo diferente. Já não sei dizer se o beijo em si foi bom ou não, só sei que com certeza foi diferente do que eu estava acostumada, mas estar ali, com ela, pegando no cabelo dela, beijando ela, foi, sem dúvidas, muito bom.
Obviamente que eu, com a minha mania de beijar fazendo "cafuné", descabelei a coitada inteira, mas acho que ela não se importou :x Sei lá, foi tão bom e pareceu tão natural! Quer dizer, eu me preocupo muito, o tempo inteiro, com o que as pessoas pensam de mim, com o que elas vão ver e etc. Mas estranhamente naquele dia eu não estava nem aí. Quer dizer, não era como se a sala estivesse cheia porque eu acho que tinham mais umas cinco pessoas só além de nós, mas ainda assim tinha gente vendo e eu não estava nem aí. Porque eu queria tanto, eu estava tão feliz (tão ansiosa...) e tudo foi tão natural (apesar do nervosismo hahaha) que eu não me importei com mais nada, apesar de ela ter comentado que tinham pessoas olhando.
Eu queria muito poder agarrá-la de uma vez, mas eu não sabia até onde poderia ir então eu tentei ver o que ela fazia, mas achei melhor não fazer nada já que ela não fez nada.
No fim tivemos que sair correndo do cinema porque minha mãe estava esperando e ia dar carona pra ela e etc então a partir daí não tem muita história. hahaha

...ou tem. Na verdade teve uma história, mas isso fica para possíveis outros posts sobre o assunto.

21 de janeiro de 2011

Em meus braços



Pensando, refletindo e lembrando, me veio agora a sua imagem à cabeça. A imagem do seu rosto sereno, descansado. A boca levemente aberta, os olhos fechados, os músculos relaxados. O peso de sua cabeça largada em meu ombro esquerdo, tão acomodada em mim, tão quietinha e tão em paz.
Eu só conseguia te olhar e esboçar um sorriso involuntário, fruto da minha admiração por você, do meu carinho e afeto. Ficar te olhando dormir em meus braços foi maravilhoso, um momento que eu nunca vou esquecer...
Sentir que eu te tinha e que estava cuidando de você, te acolhendo. E observar cada detalhe do seu rosto, dos seus braços, seu cabelo... Fazendo um cafuné discreto e sentindo a textura dos fios macios em meus dedos.
É, era realmente bonito de ver. Eu só queria ficar ali por mais tempo, curtindo aquela sensação.
Depois veio o despertar, com a cara de sono que me enlouquece. Por algum motivo eu tenho esse fraco imenso por caras de sono... E a sua consegue ser ainda mais linda que as outras que eu já conheci. Os olhos se abrindo lentamente, levantando para me olhar, seguidos por um sorriso leve e a frase: "vou te contratar pra dormir comigo, é muito bom".


É... acho que talvez eu ainda sinta alguma coisa por você. Mas sendo esse o caso ou não, te ter dormindo em meus braços e te sentir ali tão próxima e tão minha, foi realmente delicioso.


Este post foi inspirado por alguns textos do Discípulas de Safo que eu estava lendo agora a pouco e me fizeram pensar na pessoa na qual eu me refiro aqui. Leiam o blog, vale a pena!

20 de janeiro de 2011

Contando para a família

- Você não vai sair hoje a noite, né?
- Não, mãe.
- Então a noite a gente conversa.


Estou extremamente eufórica porque eu tive a conversa hoje com a minha mãe, alguns minutos atrás... acho que dá pra entender minha euforia, né?
Acontece que minha mãe já sabia que algo estava acontecendo porque eu já tinha falado isso pra ela com todas as letras (tipo: "mãe, tem uma coisa rolando mas eu ainda não vou te contar o que é") mas sabia que eu estava lidando com isso com a minha terapeuta e estava relativamente tranquila mesmo sem saber do que se tratava.
Ontem eu saí, fui no Vermont (viciei total naquele lugar, já até conheço o garçom e o segurança hahaha) com um casal de amigas e com um "encontro" meio garantido lá e tal e acabou que fomos parar as quatro num motel porque não tinha mais pra onde ir e estávamos sem carro e etc. Eu estava muito - MUITO - bêbada, totalmente descontrolada e tal... E eu tinha saído na hora do almoço pra ir ao cinema e minha mãe só sabia que eu tinha ido pra um bar que ela nem sabia onde era e nem nada e de repente eu sumi.
Eu tenho mania de deixar o celular no vibra porque sempre acho que não vou ouvir ele tocar mas posso sentir ele vibrar... E eu sou meio paranóica com celular e tipo... SEMPRE dá pra me achar no celular. Então é claro que minha mãe surtou porque ela não sabia onde eu estava e nem que eu não ia voltar pra casa e eu não estava atendendo o celular porque deixei ele no vibra e larguei ele lá num canto do quarto no motel.
Por algum motivo, às 6 horas (da manhã) eu vi que o celular estava tocando e atendi e minha mãe estava histérica querendo saber onde eu estava e disse que tinha ficado me ligando direto desde as 4 horas e eu não atendia e etc... Aí eu fiquei com medo de dizer que estava num motel X que eu nem sabia onde era - porque ontem a noite pegamos um taxi saindo do Vermont que eu realmente não lembro de ter pego, mas me disseram... - e só falei que estava num lugar perto do bar e que ia pra casa logo mais e tal.
Depois ela me ligou as 9 horas, mais puta ainda, querendo saber que horas eu ia pra casa e eu disse que ia logo mais e aí rolou o diálogo do início do post e eu entrei em pânico porque a minha mãe não é do tipo de marcar conversas.
Enfim, o dia passou, chegou a noite e a hora da conversa. Eu tinha decidido ontem que ia contar pra ela tudo logo, mas aí depois de tudo o que aconteceu de eu ter sumido e tal eu fiquei com muito medo de contar pra ela e não sabia se eu ia conseguir.
Eu sentei no sofá e ela começou a falar super tranquila que tinha ficado muito preocupada e que eu nunca mais ia sumir assim e que o meu comportamento está muito estranho e tal e depois que eu me desculpei e prometi que isso não ia acontecer de novo ela disse que estava ficando cansada de esperar o meu momento de contar a tal 'coisa' que estava acontecendo comigo pra ela e perguntou se eu já podia falar pra ela.
E bom, eu falei. Fiz uma longa introdução explicando que eu queria ter certeza antes de falar pra ela... E preferi contar explicando como as coisas aconteceram - que eu namorava um cara, aí íamos ficar a 3, mas eu surtei com minha sexualidade e ele me deixou ficar com mulheres e que eu fiquei, me apaixonei, fiquei deprimida, comecei a ficar com outras e etc - e sendo super sincera. Ela ouviu tudo, calma, tranquila. Quando ela começou a falar os olhos dela começaram a encher de lágrimas mas ela não chegou a chorar. Ela disse que já suspeitava mas que evitou pensar nisso, mas que começou a suspeitar quando eu comecei a falar do Gloria - porque ela, muito esperta, perguntou pra alguém sobre o Gloria e ficou sabendo do público alvo.
A reação dela foi exatamente o que eu pensei que seria - apesar de eu ter tido alguns momentos de dúvida. Ela disse que não sabe o que fazer porque ela não entende isso e não entende nada desse "mundo". Aí ela me contou de uma experiência homossexual mal sucedida dela - querendo dizer que podia ser um momento meu que ia passar -, falou que não ia me julgar e que só não sabia o que fazer. Eu falei pra ela que achava mesmo que não era um momento, expliquei o quão natural eu to achando que é tudo isso e como as coisas estão sendo boas pra mim, falei que a sensação que eu tenho é de que é uma coisa verdadeira mesmo. Ela disse que fica triste com isso, porque não era o que ela queria pra mim, mas que ela não tem preconceito e que não vai querer evitar nada nem me cercear e nem nada assim... Disse que se preocupa com o fato de ter filhos e coisas do gênero. Aí eu fiquei naquele papo de que existem outros métodos e tal e ela quase chorou enquanto eu falava - porque ela realmente quer ser avó, é um dos maiores sonhos da vida dela.
Mas ela disse que vai precisar de um tempo pra entender e aceitar, mas que não vai ficar contra isso e nam nada. Foi tipo a melhor reação que ela poderia ter. Aí ela me pediu pra tomar cuidado, que não é porque são mulheres que elas são confiáveis e que tem muita gente louca (eu bem sei! hahaha) por aí e tal... E perguntou como eu me sentia em lugares públicos com uma mulher, porque ela morre de medo de preconceito. E eu fui super sincera e disse que eu nunca passei por preconceito - mas também que eu não me expus o suficiente pra isso - e que eu não me importo que as pessoas achem estranho ver duas mulheres de mãos dadas e que eu me sentia normal em público porque pra mim era natural, é algo natural meu. E ela pareceu ficar OK com isso e pronto.
Enfim, acho que eu tive uma boa experiência. Mas é bom deixar claro que a minha mãe é super liberal, cabeça aberta, tranquila, livre de preconceitos e que sempre me deixou fazer o que eu quisesse como eu quisesse desde que eu não fizesse nada errado... A única reação dela que foi um pouco desagradável foi quando eu disse que se eu ficasse sério com alguém, tivesse uma namorada e tal, eu não ia esconder de ninguém (da família), que eu acho que o que se esconde é porque é errado e eu não acho que isso seja errado. Aí ela ficou meio preocupada e tal... Não sei se foi uma coisa do tipo vergonha ou do tipo preocupação com as reações do resto da família (porque a maior parte da minha família é idosa e tem outros valores), mas foi estranho.
De qualquer forma eu espero que fique uma imagem positiva pra quem ler, de que as coisas podem ser boas com a família, porque eu sei que muita gente sofre e que a maioria dos pais não aceita a orientação do filho e que essas coisas são bem difíceis.

Aproveitando o assunto, vou deixar aqui um vídeo das meninas do Dedilhadas, um vlog muitíssimo legal que eu descobri ontem e já assisti todos os vídeos e fiquei bem empolgada e achei bem legal. Elas tem um vídeo sobre contar para os pais e aí eu resolvi aproveitar pra divulgar o canal delas. Assistam todos, vale muito a pena! Os assuntos são bem legais, as meninas são ótimas, tem pontos de vista muito bacanas e tal...



As meninas tem um blog ( Dedilhadas blog ), tem twitter e, claro, o canal no youtube: Dedilhadas vlog
Visitem, assistam e adorem!


E comentem aqui, é muito bom quando alguém vem e dá uma opinião ou comenta alguma coisa, de verdade! :)

4 de janeiro de 2011

Álcool

Quero beber. Quero sair, dar risada, me entupir de álcool e relaxar, parar de pensar, parar de querer entender, de querer fazer as coisas darem certo. Preciso parar de ter esses pequenos momentos de felicidade seguidos por dias de tortura psicológica e incerteza... preciso de mais segurança, de um pouco mais de estabilidade em alguma coisa. Já não basta todo o resto estar instável, precisava ficar assim com você também? O álcool me ajuda a relaxar e a me deixar levar, fazer o que eu quiser sem me preocupar com você. Eu preciso parar de pensar em você... mas não, eu me preocupo demais para isso.

3 de janeiro de 2011

A cantora

Eu estava com a minha mãe indo encontrar com o meu pai para um jantar de ano novo quando passamos na frente de um lugar que me trouxe uma lembrança: o Barnaldo Lucrécia.
Em outubro de 2009 eu fui nesse bar com a minha mãe para comemorarmos o aniversário dela. O bar é uma delícia (tanto que voltamos lá no aniversário seguinte), o ambiente super gostoso, do jeito que a gente gosta... e tem música ao vivo.
Sempre gostei de bares com música ao vivo e acho que herdei isso da minha mãe, que também adora. Assim, conseguimos uma mesa para duas pessoas bem na frente do palquinho, de modo que ficávamos na cara da cantora.
Era uma moça jovem, com o cabelo liso bem escuro e um sorriso maravilhoso, mas quando chegamos eu ainda não tinha percebido esse detalhe. Ela tinha uma voz linda e um repertório perfeito! Tocava as melhores músicas de MPB, aquelas que eu mais gosto, e tocava muito Ana Carolina e Cássia Eller, duas cantoras que eu sempre admirei.
Ao longo da noite eu e minha mãe só bebemos cerveja e comemos algumas porções. Estando bem na cara da cantora, quando eu virava para o palco ela sempre percebia que eu estava olhando e olhava de volta, assim como quando ela olhava pra mim eu podia perceber.
Durante toda a noite percebi algumas olhadas dela, mas considerei como um ato simpático, já que ela parecia ser um amor de pessoa mesmo. Mas com o tempo percebi alguns sorrisos mais empolgados e algumas olhadas aconteciam em determinados momentos das músicas que davam a entender que talvez o que estava acontecendo ali não era apenas simpatia...
Fiquei intrigada com ela e na pausa que teve no show para que ela descansasse e pudesse beber um pouco de água eu fiz questão de ir ao banheiro e passar perto de onde ela estava sentada, para dar uma boa olhada e ver se estava acontecendo alguma coisa mesmo, mas não concluí nada.
O show voltou, continuaram os sorrisos e as olhadas e algum tempo depois percebi a minha mãe notando que algo estava acontecendo. Senti um impulso de retribuir os sorrisos de verdade - porque eu já estava retribuindo involuntariamente desde o começo -, mas achei que seria inadequado.
Fomos embora e no dia seguinte minha mãe comentou da cantora 'sapatão' que ficou interessada em mim no Barnaldo Lucrécia.
Até hoje não sei e nem teria como saber se a tal cantora realmente teve algum interesse ali, mas na época com minha convicção hétero, com meu namoro já acontecendo e com minha mãe sentada na minha frente, dificilmente teria acontecido alguma coisa entre eu e a cantora, mas às vezes fico pensando se algum dia ainda não encontro com ela em algum bar por aí... ah, essas cantoras!