16 de março de 2015

Vida

Deu vontade de escrever. Vontade de sentir se ainda sou capaz de contemplar e colocar minhas contemplações em palavras. Algum tempo atrás uma conhecida disse que mede o quanto gosta de uma mulher pela quantidade de textos que tem escrito sobre ela... Achei válido.
Escrevo quando estou inspirada, muito apaixonada, muito envolvida, quando sinto que o sentimento não cabe em mim. E escrevo quando não consigo segurar meu coração, quebrado, partido, ferido, dentro do peito. Quando é preciso colocar pra fora para ver se dói menos.
Dessa vez ele doeu muito. Muito mais do que eu poderia imaginar, muito mais do que as próprias lágrimas deram conta. Chorei, chorei muito, mas as lágrimas e os gritos pareciam não ser suficientes para o tanto de dor que havia em mim.
E não escrevi.
Não escrevi uma linha sequer para mim mesma, e ao mesmo tempo me analisei a cada segundo. Fiquei tentando entender, ver sentido, compreender o meu próprio sofrimento e o meu próprio processo. E só comecei a melhorar quando me disseram: "para de tentar entender o que você está sentindo, e só sente". Não era fácil só sentir, mas era menos doloroso, por algum motivo.
E a vida segue. Não me sinto inspirada, não me sinto motivada, não me sinto disposta. Mas sinto que preciso fazer alguma coisa, mesmo sem saber o que é. A escrita não tem sido meu refúgio como sempre, nem os amigos e nem a bebida. Não sei onde está o aconchego perdido no momento em que ela foi embora. E não sei onde encontrar algo assim novamente.
Só sei que continuo vivendo por falta de opção e por acreditar que um dia o sentido de tudo vai se iluminar novamente e a vida vai recomeçar como ela nunca deveria ter deixado de ser: viva.