29 de janeiro de 2011

A primeira

Esse texto foi escrito em outubro de 2010.

Estava eu conversando com a menina de Bauru no MSN na semana passada quando ela me sugeriu sair adicionando todas as meninas de São Paulo que eu encontrasse no Leskut. Enquanto eu estava xeretando no Leskut ela disse que conhecia uma menina muito legal de São Paulo e me mandou o link do perfil dela. Eu fui abrir tranquilamente e... quase tive um troço! hahaha A menina era conhecida, estudava no meu cursinho! Quase morri... Eu não conhecia, conhecia ela... Eu já tinha visto ela por lá e uma vez ela tinha sentado na minha mesa e falado comigo, mas nada excepcional e nada lembrável. Assim, na semana seguinte a menina de Bauru me disse que tinha falado com a menina do cursinho e me colocou em contato com ela no msn e desde então começamos a conversar. Esse começo de conversa foi na terça-feira e ela era super gente boa, super fofa! Eu fiquei interessada, claro! Estava com um pouco de medo por ser uma pessoa tão "real", mas ela era muito encantadora e ela tinha um blog e eu li o blog inteiro em dois dias e fiquei com uma sensação muito boa sobre ela, com muita vontade de conhecer...
De qualquer forma, numa noite de quinta-feira, outubro de 2010, acabamos marcando de nos ver (ps.: acabei de receber uma mensagem dela no celular! ps2.: só pra constar, estou escrevendo no dia seguinte ao ocorrido hahaha). Eu faço aula de dança num shopping, então combinamos de ir ao cinema logo depois da minha aula lá no shopping mesmo.
Pra ser bem sincera, na maioria das vezes eu vou totalmente esculachada pro shopping. Porque eu vou pra aula e só, então eu vou largada mesmo, não me importo muito. Mas, nesse dia... hahaha Eu tentei me arrumar, mas acho que pela pressa, nervosismo e pela falta de roupa limpa na gaveta não deu muito certo e eu saí sem estar me sentindo muito bonita. Quer dizer, eu já não me acho muito bonita, mas eu poderia ter ficado melhor... Enfim...
Fui pra aula de dança e passei a aula inteira olhando pra porta porque ela comentou que talvez chegasse mais cedo e assistisse o final da minha aula. Ok, imaginemos eu, de top e barriga de fora na aula de dança e já distraída (no final da aula eu achei que ela não ia aparecer mais) quando a menina entra na sala! Ai... Sério, total desastre. Consegui errar todos os movimentos, me distraí na coreografia, foi tenso... hahaha Mas no fim deu tudo certo.
Fomos para o cinema e compramos ingresso para o filme que ela queria assistir, Wall Street, o qual eu não sabia absolutamente naaaada a respeito. Mas o meu interesse não era realmente o filme, certo? :x
Entramos mega cedo no cinema e não tinha ninguém na sala e nós sentamos lá e eu já fiquei imaginando a gente se pegando :x Mas foi só imaginação, acho que eu não faria isso assim de cara naquela situação, só numa balada ou algo assim...
Então eu comecei a tagarelar, como sempre... Falei feito uma louca até o filme começar >< Mas tudo bem, acho que ela não achou ruim.. E sei lá, conseguimos conversar numa boa, não ficou aquela conversa nada a ver e superficial de situações sem assunto. Aí o filme começou e eu prometi pra mim mesma que ia calar a boca (e eu juro que eu tentei).
Sempre que eu vou ao cinema eu fico confusa nos primeiros cinco minutos de filme porque não consigo me concentrar direito. Mas ali a situação era oooutra.. Eu realmente não conseguia me concentrar. Tá certo que o assunto do filme já seria complicado pra eu acompanhar porque não entendo muito dessas coisas, mas de qualquer forma eu teria compreendido um pouco mais se não estivesse com um absurdo problema de concentração. Eu pensava em tudo, menos no filme. Eu juro que eu estava tentando! Mas o braço dela encostando no meu, a mão dela ali pertinho... Estava bem difícil pensar em outra coisa.
Eu sei que parece bobo, mas poxa, considerando que eu estou [estava, na época que o texto foi escrito] junto com o mesmo cara (cara, ou seja, um HOMEM) há 3 anos, beijando única e exclusivamente a boca dele e também que eu nunca tinha beijado uma menina, é totalmente aceitável que eu estivesse pirando de nervosismo, ansiedade e sei lá mais o quê. E também, eu tinha conversado com ela nos últimos dias no msn e ela realmente não parecia interessada em mim. Quer dizer, ela não tinha falado nada que desse a entender que ela tinha algum interesse. Eu sabia que ela queria ver aquele filme e as amigas dela não iam poder ir com ela, ponto.
Voltando à história, eu estava bem nervosa. Não conseguia entender o filme e de vez em quando ela fazia uns comentários que tinha que me explicar depois e coisas assim e eu comecei a achar que estava sendo uma péssima companhia até que em algum momento nós demos as mãos. Eu não lembro como chegamos aí, mas chegamos (finalmente porque eu estava ficando maluca, eu PRECISO tocar as pessoas, sério...). Aí rolou aquela desculpa tradicional de "vou esquentar sua mão que está muito gelada" e tal, mas ela é clássica porque sempre funciona, né? E eu acabei sendo bem direta e falando isso depois pra ela... (que as mãos geladas dela podiam ser úteis nessas situações).
Outro detalhe: eu adoro fazer carinho. Então eu meio que fazia carinho no braço dela e segurava a mão dela e pensava no maldito braço da poltrona entre nós que estava me irritando profundamente. Eu estava pensando se eu simplesmente levantava ele, se sugeria levantar, se esperava ela tomar uma atitude.. Enfim, demorei tanto que ela acabou pedindo pra levantar o braço e levantou. hahaha
Certo, sem mais enrolações (ou só com um pouco mais de enrolação... ahahah) ficamos nessa das mãos um bom tempo, aí tiveram uns momentos em que ela passou os dedos pela palma da minha mão e isso me arrepia instantaneamente mas acho que ela não percebeu que ela fez nem que eu reagi hahaha
Aí com algumas indiretas que eu não lembro literalmente (o nervosismo afeta minha memória...) fomos nos aproximando e etc e eu só sei que depois de um tempo ela ficou com a cabeça virada pra mim e mal olhava pro filme e eu fiquei meio.. Sei lá, não queria ser chata e só dar atenção pra ela e parecer que eu não estava interessada no filme que ela tinha escolhido mas eu também não queria parecer que não estava interessada NELA (porque eu estava e muito e a essa altura eu já estava ficando completamente doida de ainda não ter acontecido nada). Eu sei que uma hora nos beijamos. Alguma coisa me impulsionou pra virar pra ela e eu não sei se fui eu que beijei, se foi ela, se foram as duas, só sei que foi. E foi bom :) Quer dizer, foi estranhamente bom. Estranho porque, como eu disse, beijo a mesma boca a muito tempo, então foi uma sensação totalmente diferente, um beijo diferente. Já não sei dizer se o beijo em si foi bom ou não, só sei que com certeza foi diferente do que eu estava acostumada, mas estar ali, com ela, pegando no cabelo dela, beijando ela, foi, sem dúvidas, muito bom.
Obviamente que eu, com a minha mania de beijar fazendo "cafuné", descabelei a coitada inteira, mas acho que ela não se importou :x Sei lá, foi tão bom e pareceu tão natural! Quer dizer, eu me preocupo muito, o tempo inteiro, com o que as pessoas pensam de mim, com o que elas vão ver e etc. Mas estranhamente naquele dia eu não estava nem aí. Quer dizer, não era como se a sala estivesse cheia porque eu acho que tinham mais umas cinco pessoas só além de nós, mas ainda assim tinha gente vendo e eu não estava nem aí. Porque eu queria tanto, eu estava tão feliz (tão ansiosa...) e tudo foi tão natural (apesar do nervosismo hahaha) que eu não me importei com mais nada, apesar de ela ter comentado que tinham pessoas olhando.
Eu queria muito poder agarrá-la de uma vez, mas eu não sabia até onde poderia ir então eu tentei ver o que ela fazia, mas achei melhor não fazer nada já que ela não fez nada.
No fim tivemos que sair correndo do cinema porque minha mãe estava esperando e ia dar carona pra ela e etc então a partir daí não tem muita história. hahaha

...ou tem. Na verdade teve uma história, mas isso fica para possíveis outros posts sobre o assunto.

21 de janeiro de 2011

Em meus braços



Pensando, refletindo e lembrando, me veio agora a sua imagem à cabeça. A imagem do seu rosto sereno, descansado. A boca levemente aberta, os olhos fechados, os músculos relaxados. O peso de sua cabeça largada em meu ombro esquerdo, tão acomodada em mim, tão quietinha e tão em paz.
Eu só conseguia te olhar e esboçar um sorriso involuntário, fruto da minha admiração por você, do meu carinho e afeto. Ficar te olhando dormir em meus braços foi maravilhoso, um momento que eu nunca vou esquecer...
Sentir que eu te tinha e que estava cuidando de você, te acolhendo. E observar cada detalhe do seu rosto, dos seus braços, seu cabelo... Fazendo um cafuné discreto e sentindo a textura dos fios macios em meus dedos.
É, era realmente bonito de ver. Eu só queria ficar ali por mais tempo, curtindo aquela sensação.
Depois veio o despertar, com a cara de sono que me enlouquece. Por algum motivo eu tenho esse fraco imenso por caras de sono... E a sua consegue ser ainda mais linda que as outras que eu já conheci. Os olhos se abrindo lentamente, levantando para me olhar, seguidos por um sorriso leve e a frase: "vou te contratar pra dormir comigo, é muito bom".


É... acho que talvez eu ainda sinta alguma coisa por você. Mas sendo esse o caso ou não, te ter dormindo em meus braços e te sentir ali tão próxima e tão minha, foi realmente delicioso.


Este post foi inspirado por alguns textos do Discípulas de Safo que eu estava lendo agora a pouco e me fizeram pensar na pessoa na qual eu me refiro aqui. Leiam o blog, vale a pena!

20 de janeiro de 2011

Contando para a família

- Você não vai sair hoje a noite, né?
- Não, mãe.
- Então a noite a gente conversa.


Estou extremamente eufórica porque eu tive a conversa hoje com a minha mãe, alguns minutos atrás... acho que dá pra entender minha euforia, né?
Acontece que minha mãe já sabia que algo estava acontecendo porque eu já tinha falado isso pra ela com todas as letras (tipo: "mãe, tem uma coisa rolando mas eu ainda não vou te contar o que é") mas sabia que eu estava lidando com isso com a minha terapeuta e estava relativamente tranquila mesmo sem saber do que se tratava.
Ontem eu saí, fui no Vermont (viciei total naquele lugar, já até conheço o garçom e o segurança hahaha) com um casal de amigas e com um "encontro" meio garantido lá e tal e acabou que fomos parar as quatro num motel porque não tinha mais pra onde ir e estávamos sem carro e etc. Eu estava muito - MUITO - bêbada, totalmente descontrolada e tal... E eu tinha saído na hora do almoço pra ir ao cinema e minha mãe só sabia que eu tinha ido pra um bar que ela nem sabia onde era e nem nada e de repente eu sumi.
Eu tenho mania de deixar o celular no vibra porque sempre acho que não vou ouvir ele tocar mas posso sentir ele vibrar... E eu sou meio paranóica com celular e tipo... SEMPRE dá pra me achar no celular. Então é claro que minha mãe surtou porque ela não sabia onde eu estava e nem que eu não ia voltar pra casa e eu não estava atendendo o celular porque deixei ele no vibra e larguei ele lá num canto do quarto no motel.
Por algum motivo, às 6 horas (da manhã) eu vi que o celular estava tocando e atendi e minha mãe estava histérica querendo saber onde eu estava e disse que tinha ficado me ligando direto desde as 4 horas e eu não atendia e etc... Aí eu fiquei com medo de dizer que estava num motel X que eu nem sabia onde era - porque ontem a noite pegamos um taxi saindo do Vermont que eu realmente não lembro de ter pego, mas me disseram... - e só falei que estava num lugar perto do bar e que ia pra casa logo mais e tal.
Depois ela me ligou as 9 horas, mais puta ainda, querendo saber que horas eu ia pra casa e eu disse que ia logo mais e aí rolou o diálogo do início do post e eu entrei em pânico porque a minha mãe não é do tipo de marcar conversas.
Enfim, o dia passou, chegou a noite e a hora da conversa. Eu tinha decidido ontem que ia contar pra ela tudo logo, mas aí depois de tudo o que aconteceu de eu ter sumido e tal eu fiquei com muito medo de contar pra ela e não sabia se eu ia conseguir.
Eu sentei no sofá e ela começou a falar super tranquila que tinha ficado muito preocupada e que eu nunca mais ia sumir assim e que o meu comportamento está muito estranho e tal e depois que eu me desculpei e prometi que isso não ia acontecer de novo ela disse que estava ficando cansada de esperar o meu momento de contar a tal 'coisa' que estava acontecendo comigo pra ela e perguntou se eu já podia falar pra ela.
E bom, eu falei. Fiz uma longa introdução explicando que eu queria ter certeza antes de falar pra ela... E preferi contar explicando como as coisas aconteceram - que eu namorava um cara, aí íamos ficar a 3, mas eu surtei com minha sexualidade e ele me deixou ficar com mulheres e que eu fiquei, me apaixonei, fiquei deprimida, comecei a ficar com outras e etc - e sendo super sincera. Ela ouviu tudo, calma, tranquila. Quando ela começou a falar os olhos dela começaram a encher de lágrimas mas ela não chegou a chorar. Ela disse que já suspeitava mas que evitou pensar nisso, mas que começou a suspeitar quando eu comecei a falar do Gloria - porque ela, muito esperta, perguntou pra alguém sobre o Gloria e ficou sabendo do público alvo.
A reação dela foi exatamente o que eu pensei que seria - apesar de eu ter tido alguns momentos de dúvida. Ela disse que não sabe o que fazer porque ela não entende isso e não entende nada desse "mundo". Aí ela me contou de uma experiência homossexual mal sucedida dela - querendo dizer que podia ser um momento meu que ia passar -, falou que não ia me julgar e que só não sabia o que fazer. Eu falei pra ela que achava mesmo que não era um momento, expliquei o quão natural eu to achando que é tudo isso e como as coisas estão sendo boas pra mim, falei que a sensação que eu tenho é de que é uma coisa verdadeira mesmo. Ela disse que fica triste com isso, porque não era o que ela queria pra mim, mas que ela não tem preconceito e que não vai querer evitar nada nem me cercear e nem nada assim... Disse que se preocupa com o fato de ter filhos e coisas do gênero. Aí eu fiquei naquele papo de que existem outros métodos e tal e ela quase chorou enquanto eu falava - porque ela realmente quer ser avó, é um dos maiores sonhos da vida dela.
Mas ela disse que vai precisar de um tempo pra entender e aceitar, mas que não vai ficar contra isso e nam nada. Foi tipo a melhor reação que ela poderia ter. Aí ela me pediu pra tomar cuidado, que não é porque são mulheres que elas são confiáveis e que tem muita gente louca (eu bem sei! hahaha) por aí e tal... E perguntou como eu me sentia em lugares públicos com uma mulher, porque ela morre de medo de preconceito. E eu fui super sincera e disse que eu nunca passei por preconceito - mas também que eu não me expus o suficiente pra isso - e que eu não me importo que as pessoas achem estranho ver duas mulheres de mãos dadas e que eu me sentia normal em público porque pra mim era natural, é algo natural meu. E ela pareceu ficar OK com isso e pronto.
Enfim, acho que eu tive uma boa experiência. Mas é bom deixar claro que a minha mãe é super liberal, cabeça aberta, tranquila, livre de preconceitos e que sempre me deixou fazer o que eu quisesse como eu quisesse desde que eu não fizesse nada errado... A única reação dela que foi um pouco desagradável foi quando eu disse que se eu ficasse sério com alguém, tivesse uma namorada e tal, eu não ia esconder de ninguém (da família), que eu acho que o que se esconde é porque é errado e eu não acho que isso seja errado. Aí ela ficou meio preocupada e tal... Não sei se foi uma coisa do tipo vergonha ou do tipo preocupação com as reações do resto da família (porque a maior parte da minha família é idosa e tem outros valores), mas foi estranho.
De qualquer forma eu espero que fique uma imagem positiva pra quem ler, de que as coisas podem ser boas com a família, porque eu sei que muita gente sofre e que a maioria dos pais não aceita a orientação do filho e que essas coisas são bem difíceis.

Aproveitando o assunto, vou deixar aqui um vídeo das meninas do Dedilhadas, um vlog muitíssimo legal que eu descobri ontem e já assisti todos os vídeos e fiquei bem empolgada e achei bem legal. Elas tem um vídeo sobre contar para os pais e aí eu resolvi aproveitar pra divulgar o canal delas. Assistam todos, vale muito a pena! Os assuntos são bem legais, as meninas são ótimas, tem pontos de vista muito bacanas e tal...



As meninas tem um blog ( Dedilhadas blog ), tem twitter e, claro, o canal no youtube: Dedilhadas vlog
Visitem, assistam e adorem!


E comentem aqui, é muito bom quando alguém vem e dá uma opinião ou comenta alguma coisa, de verdade! :)

4 de janeiro de 2011

Álcool

Quero beber. Quero sair, dar risada, me entupir de álcool e relaxar, parar de pensar, parar de querer entender, de querer fazer as coisas darem certo. Preciso parar de ter esses pequenos momentos de felicidade seguidos por dias de tortura psicológica e incerteza... preciso de mais segurança, de um pouco mais de estabilidade em alguma coisa. Já não basta todo o resto estar instável, precisava ficar assim com você também? O álcool me ajuda a relaxar e a me deixar levar, fazer o que eu quiser sem me preocupar com você. Eu preciso parar de pensar em você... mas não, eu me preocupo demais para isso.

3 de janeiro de 2011

A cantora

Eu estava com a minha mãe indo encontrar com o meu pai para um jantar de ano novo quando passamos na frente de um lugar que me trouxe uma lembrança: o Barnaldo Lucrécia.
Em outubro de 2009 eu fui nesse bar com a minha mãe para comemorarmos o aniversário dela. O bar é uma delícia (tanto que voltamos lá no aniversário seguinte), o ambiente super gostoso, do jeito que a gente gosta... e tem música ao vivo.
Sempre gostei de bares com música ao vivo e acho que herdei isso da minha mãe, que também adora. Assim, conseguimos uma mesa para duas pessoas bem na frente do palquinho, de modo que ficávamos na cara da cantora.
Era uma moça jovem, com o cabelo liso bem escuro e um sorriso maravilhoso, mas quando chegamos eu ainda não tinha percebido esse detalhe. Ela tinha uma voz linda e um repertório perfeito! Tocava as melhores músicas de MPB, aquelas que eu mais gosto, e tocava muito Ana Carolina e Cássia Eller, duas cantoras que eu sempre admirei.
Ao longo da noite eu e minha mãe só bebemos cerveja e comemos algumas porções. Estando bem na cara da cantora, quando eu virava para o palco ela sempre percebia que eu estava olhando e olhava de volta, assim como quando ela olhava pra mim eu podia perceber.
Durante toda a noite percebi algumas olhadas dela, mas considerei como um ato simpático, já que ela parecia ser um amor de pessoa mesmo. Mas com o tempo percebi alguns sorrisos mais empolgados e algumas olhadas aconteciam em determinados momentos das músicas que davam a entender que talvez o que estava acontecendo ali não era apenas simpatia...
Fiquei intrigada com ela e na pausa que teve no show para que ela descansasse e pudesse beber um pouco de água eu fiz questão de ir ao banheiro e passar perto de onde ela estava sentada, para dar uma boa olhada e ver se estava acontecendo alguma coisa mesmo, mas não concluí nada.
O show voltou, continuaram os sorrisos e as olhadas e algum tempo depois percebi a minha mãe notando que algo estava acontecendo. Senti um impulso de retribuir os sorrisos de verdade - porque eu já estava retribuindo involuntariamente desde o começo -, mas achei que seria inadequado.
Fomos embora e no dia seguinte minha mãe comentou da cantora 'sapatão' que ficou interessada em mim no Barnaldo Lucrécia.
Até hoje não sei e nem teria como saber se a tal cantora realmente teve algum interesse ali, mas na época com minha convicção hétero, com meu namoro já acontecendo e com minha mãe sentada na minha frente, dificilmente teria acontecido alguma coisa entre eu e a cantora, mas às vezes fico pensando se algum dia ainda não encontro com ela em algum bar por aí... ah, essas cantoras!