27 de novembro de 2010

Dividida?

É bem estranho pensar em duas - três, na verdade - pessoas ao mesmo tempo e de jeitos tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo. Penso muito na T. (a "mina de minas"), quase o tempo inteiro lembro dela... Quero estar logo em casa pra conversar com ela, vê-la.. Fico delirando imaginando quando ela vier pra São Paulo (porque agora nossos planos mudaram um pouco haha), imaginando mil coisas, querendo ela demais. Ao mesmo tempo, é inevitável lembrar DELA de vez em quando, a tal, a primeira - e única, até o momento - garota que eu fiquei, que eu tive alguma coisa. Que eu me apaixonei, de certa forma. Não consigo não pensar nela em determinados momentos (quando nos encontramos no cursinho, principalmente né), porque realmente foi uma experiência muito forte, pelo menos pra mim. Não é todo dia que você descobre que existe uma garota incrível que estuda com você, que é super simpática, que sai com você, fica com você, gosta de você, que você gosta dela também e aí ela simplesmente não quer mais nada e você entra em depressão (depressão leve e rápida, sem muito drama :P) e não sabe mais o que fazer da sua vida, depois que você já mandou o mundo para os ares por causa dela.
Ao mesmo tempo eu fico pensando na T., porque ela é o que está acontecendo no meu "agora" e que está interessada em mim e que vai estar fisicamente comigo num futuro muito próximo se tudo der certo :D É difícil essa situação, porque eu também gosto muito dela, adoro ela, sinto falta de falar com ela quando não posso... Mas é totalmente diferente do sentimento que eu tive antes, não é algo que eu consiga explicar com palavras (a diferença, quero dizer).
E eu ando nessa confusão maluca, ouvindo uma música que me lembra uma delas no iPod e logo na sequência uma música que lembra a outra. Quando eu estava indo para Campinas ontem, de carona, tocou "Capitu", a versão da Ná Ozzetti, no rádio, e eu fiquei muito animada porque fazia mil anos que não ouvia essa música e ela realmente é muito boa. Assim, cheguei em casa hoje e resolvi ir atrás pra ouvir de novo... E foi imediato. Comecei a prestar atenção na letra e de quem eu lembro? Dela, claro. Não da T., que eu penso o tempo inteiro, que pensa em mim também e que tem sido a pessoa mais encantadora do mundo... mas na outra, que não me quer e que eu sinto que não quero mais também.
É complicado de explicar, porque eu sinto como se quisesse ficar com ela de novo, mas não quero ela... Ou quero, não sei. Mas acho que não. Minha sensação é muito mais de querê-la como amiga, apenas próxima de mim, porque ela é uma pessoa especial, como eu ja disse várias vezes, mesmo que ela não entenda isso. Não quero ter nada sério com ela, não desejo mais ela como antes (desejo um pouco, mas é inevitável haha). Agora meus desejos estão totalmente focados em outra pessoa... O que é bom, por sinal (hehe).
Enfim, estava eu ouvindo "Capitu" e associando com ela quando a T. me manda uma música muito muito muito fofa que ela disse que tem a ver comigo e eu fiquei doida aqui... Ouvi várias vezes seguidas e depois ouvi "Capitu" mais umas vezes e depois voltei pra música da T...
Essas situações estão ficando cada vez mais confusas, eu precisava entender melhor o que eu quero. Ou sossegar e não atrapalhar a vida de ninguém, vai saber.

Texto sem conclusão, meus pensamentos não estão fazendo muito sentido nos últimos tempos...

21 de novembro de 2010

Habitación en Roma



Já faz algum tempo que baixei esse filme do Parada Lésbica e até hoje não tinha tido tempo de assistir, mas finalmente consegui. É um filme lindíssimo, gostei muito do modo como foi feito, das atrizes, de toda a interação com o quarto, os quadros, as histórias das duas mulheres se encontrando naquela situação única...
É claro que a Natasha Yarovenko, maravilhosa do jeito que é, colaborou em grande parte pra eu ter adorado o filme, mas a história realmente é belíssima e muito bem conduzida!

Mas mais do que do filme em si, eu queria falar um pouco sobre um dos muitos assuntos que o filme trata. Sim, porque esse filme tem muitos temas intrínsecos e cada um deles daria uma discussão enorme, mas eu só quero falar brevemente de um deles porque é um tema que eu andei pensando muito nos últimos tempos: como duas pessoas podem se envolver de forma tão intensa num período tão curto de tempo.

Não sei se mais alguém já passou por isso, mas em determinadas cenas do filme, quando alguma delas pensava no que estava sentindo, ou quando (SPOILER AQUI!) a Alba sofre pela separação delas logo antes da cena da banheira, eu fiquei pensando muito nessa coisa tão intensa e tão real que surgiu entre elas.
É engraçado porque temos uma certa tendência a pensar que se conhecemos a pessoa há pouco tempo, não podemos nos envolver de maneira profunda com ela... Se você diz que está apaixonada por uma pessoa que conhece há pouco tempo, qualquer um é capaz de se assustar e de te questionar. E é lindo ver como esse relacionamento surge e se desenvolve ao longo do filme, como Alba e Natacha realmente se amam no momento da separação.
E é muito assustador quando você conhece alguém há pouco tempo e de repente se vê tão envolvida com aquela pessoa. Quando você já sente que precisa dela, que quer cuidar dela, que se preocupa com ela... Quando vê-la mal te faz sentir uma dor horrível no peito e uma impotência absurda de não ter como ajudar. E o mais assustador de tudo é pensar que da mesma maneira que esse sentimento surgiu, ele pode desaparecer. Ao amanhecer, elas terão que se separar. O amor que surgiu ali irá ficar guardado nas memórias, mas não vai mais existir... E aí eu penso: ele realmente existiu? Realmente podemos chamar esse sentimento de amor? Ou seria paixão? Ou nenhum dos dois...?
Eu não sei, não cheguei à nenhuma conclusão. Mas eu posso afirmar claramente que essa união linda, deliciosa... esse sentimento em relação à outra pessoa que você não necessariamente conhece há muito tempo pode acontecer assim, de uma hora para a outra, sem que você perceba e sem que possa fazer nada em relação a isso.
Deixo aqui essa foto do filme, que para mim é a imagem que mais representa esse amor...

Te perdi

Como dizer que a perdi se sinto que nunca a tive? Em um momento te sentia apaixonada, envolvida, encantada... E no outro, tão fria e distante que eu mal pude suportar - na verdade, não sei se suportei de verdade.
As pessoas encontram soluções estranhas quando pensam no 'melhor para nós', mas eu sempre achei que quem sabe o que é melhor para mim sou eu mesma. Não sei se assim foi melhor ou se teria sido melhor do meu jeito, mas eu sei que foi... Foi, passou, e agora aqui estou eu, refletindo mais uma vez sobre tudo isso.
Te perdi, mas ainda te tenho. Te tenho nas lembranças do que passamos juntas - mesmo que sejam poucas -, do que sentimos juntas. Te tenho como presença inegável no meu dia-a-dia, por mais que você não esteja fisicamente ao meu lado. E, felizmente, te tenho como amiga, alguém em quem eu posso confiar e alguém que eu quero cuidar.
Te tenho, mas te perdi pra sempre...

18 de novembro de 2010

Sobre preconceitos

Considero totalmente adequado estabelecer uma relação entre o nazismo e os crimes homofóbicos que infelizmente continuam ocorrendo o tempo inteiro, o que deixa claro a minha visão radical sobre o assunto. A liberdade de credo, a liberdade sexual e a liberdade de expressão do indivíduo devem ser respeitadas acima de qualquer coisa, mas não é isso que acontece no mundo, de forma geral.
Dentro do contexto em que vivemos - em sociedade, eu digo -, precisamos estabelecer limites entre o nosso próprio direito à todas as liberdades e o direito do outro. Não podemos simplesmente nos manifestar de maneira ofensiva à outros indivíduos, tentando impor nosso modo de pensar sem pensar no resto. Todos têm o direito de ser contra determinada religião, por exemplo, mas ao manifestarmos nossas opiniões não podemos invadir o direito daqueles que crêem na tal religião e assim deve ser para qualquer outro tipo de preferência pessoal.
É inaceitável que nos dias atuais ainda tenhamos números tão altos de assassinatos e crimes movidos por preconceito e, agora, me refiro ainda mais especificamente aos crimes homofóbicos, pois este é um assunto que têm sido discutido nos últimos dias.
Não penso que todos sejam obrigados a entender as diversas opções sexuais, mas acho que todos devem saber aceitar e respeitar a diferença. O preconceito, seja ele qual for, é totalmente inaceitável. Num país com tanta diversidade étnica, religiosa e cultural como o Brasil, me choca muito ainda haver tanto preconceito, esse preconceito nojento enraizado nas nossas cabeças - sim, coloco esse plural aqui pra deixar claro que eu também posso ter meus preconceitos, por mais que seja totalmente contra isso e deteste -, que vai desde o preconceito racial, sexual, religioso e social até preconceitos que nem pensamos que existem (por exemplo o preconceito contra pessoas muito magras, que eu posso afirmar que existe SIM).
Mas o mais assustador de tudo é pensar que tem pessoas que agridem outras pessoas em função desse preconceito. Por mais que eu ache asqueroso e queira xingar um homofóbico, eu nunca vou fazer isso, nunca vou agredir fisicamente alguém só porque esta pessoa pensa de maneira diferente da minha ou vive de forma contrária às minhas convicções pessoais ou religiosas. Saber que homossexuais são agredidos e assassinados diariamente apenas por serem homossexuais, sem terem nem ao menos provocado alguma coisa, é totalmente assustador.
Pior do que isso, é ver que quando finalmente tomam uma atitude minimamente decente e tentam criminalizar oficialmente a homofobia, aparece alguém contrário a isso. Como alguém consegue se dizer claramente contra a Lei da Homofobia e ainda se orgulhar disso? E dizer que essa lei vai contra a liberdade de expressão? CONTRA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Desculpa, mas que liberdade é essa? De poder xingar gays na rua, chutá-los ou coisa pior? ISSO É LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Ensinar nas aulas de religião que é pecado e que homossexuais são uma aberração... isso é liberdade de expressão?
Ninguém é obrigado a ser a favor da homossexualidade, mas todos precisam saber respeitar isso. É um absurdo o que vêm acontecendo e é um absurdo maior ainda a existência de pessoas a favor da homofobia ou do preconceito racial ou de qualquer outro.
Cada pessoa tem o direito de viver do jeito que lhe convém, de acreditar no que quiser e de expor suas opiniões, o que não pode é achar que a sua opinião é melhor do que as demais e que por isso você pode desrespeitar a opinião alheia.

13 de novembro de 2010

Mina de Minas

Logo que voltei a usar meu Leskut, há alguns poucos meses atrás, comecei a fazer postagens no blog de lá (alguns textos que postei aqui ontem são dessa época) e a ler as postagens de outras garotas, incluindo uma que achei legal e resolvi comentar e a menina, a autora, veio falar comigo. Em poucos minutos ela já estava adicionada no meu msn e nós duas estávamos levando uma conversa tão agradável e sincera que eu já podia me sentir próxima dela.
Ela tinha algumas coisas em comum comigo - a idade, a bissexualidade (que até então eu estava me considerando bi mesmo) - e nesse mesmo dia já estava me aconselhando, sendo super atenciosa e fofa.
Peguei o número do celular dela e trocamos algumas mensagens num período que ela foi viajar e fomos mantendo o contato... Eu ficava doida esperando ela voltar, eu já estava sentindo saudades de uma menina que tinha acabado de conhecer! Quando ela voltou, fomos ficando ainda mais próximas. Eu passando por meus problemas e ela pelos dela, fomos nos apoiando e nos aconselhando mutuamente, como ainda fazemos com certa frequência (afinal, mulheres são complicadas).
A vontade de vê-la foi crescendo rapidamente e junto com ela o incômodo da distância: ela mora em Minas Gerais e eu em São Paulo. Algumas brincadeiras aqui, conversa jogada fora ali, um pouco de provocação... E aquela sensação de proximidade, de que eu realmente precisava/preciso estar com ela pessoalmente, olhá-la nos olhos, dar um abraço... só aumentava.
E ainda aumenta. Essa é a parte em que o texto fica difícil de ser escrito porque eu estava falando de um passado não-tão-distante e agora vou falar do real presente. Ou melhor, não vou falar. Vou deixar no ar que a T. já é uma pessoa especial pra mim e tudo o que eu quero agora é conhecê-la, tirar a coisa da tela do computador e da cabeça sonhadora.
E, quem sabe, eu não tenha a minha Brokeback Mountain...

12 de novembro de 2010

Garota do condomínio

Enfim, a última postagem que vou fazer hoje. É um texto que escrevi contando sobre a minha volta pra casa no domingo passado, depois do Enem (prova maldita). Não está muito bem escrito, mas eu não consegui arrumá-lo, então fica assim mesmo. Resolvi postar agora porque os textos daqui estão muito depressivos e isso estava me incomodando. Lá vai...



Era final de tarde quando entrei no ônibus para casa, que estava lotado, como sempre. Consegui me espremer entre as pessoas até chegar num lugar em que eu achei que conseguiria ficar parada quieta, mas com a minha bolsa enorme todas as pessoas que passavam por ali para chegar até a porta quase me levavam junto com elas. Sentada no banco da janela, bem à frente de onde eu era atacada repetidas vezes pelos passantes, estava uma menina, com o cabelo loiro bem escuro e os olhos azuis, lindos. Ela estava com a cabeça apoiada na mochila que levava no colo e refletia profundamente sobre algum assunto alheio a mim.
Depois de alguns minutos que eu estava parada (ou tentando ficar parada) ali ela me olhou e ofereceu seu colo para a minha bolsa. A minha reação imediata foi não aceitar, mas olhei para o lado e vinha uma mulher enorme que com certeza teria problemas para passar atrás de mim com a bolsa ali, então eu aceitei a oferta e entreguei minha bolsa para a garota dos olhos azuis, que soltou um leve riso da minha situação, que eu retribuí automaticamente.
Num determinado momento o banco ao lado dela vagou e ela já estava com as mãos na minha bolsa para me entregar assim que eu sentasse quando uma outra garota emergiu da multidão e pegou o lugar que era meu. Olhei para a menina que estava segurando minha bolsa e ri da minha própria desgraça, e dessa vez foi ela que retribuiu meu riso.
Finalmente, depois de um certo tempo, consegui sentar. Fiquei feliz por sentar ao lado dela, ela parecia ser uma pessoa legal - ela atendeu a alguns telefonemas ao longo do percurso e descobri que ela é atriz de teatro e muito simpática com os amigos - e eu queria ser do tipo que sai conversando aleatoriamente com as pessoas no ônibus para começar algum assunto com ela, mas não consegui.
Logo depois, enquanto eu refletia sobre como começar algum tipo de interação, ela pediu licença para sair. Neste momento eu percebi que estava chegando o meu ponto e eu estava tão entretida nos meus pensamentos que nem tinha percebido. Assim que ela levantou eu fui atrás, me preparando para descer do ônibus, quando percebi que ela ia descer no mesmo ponto que eu. Descemos e começamos a andar pela rua, estranhamente fazendo o mesmo percurso, entrando nos mesmos caminhos, na rua de casa.
Ela estava andando na minha frente e quando chegou à entrada do condomínio já ia fechar a porta quando viu que eu também estava indo pra lá. Ela sorriu mais uma vez - um sorriso muito gracioso, por sinal - e eu ri, agradecendo-na por ter segurado o portão.
Enquanto andávamos eu pensava que a única coisa que faltava acontecer era ela morar no mesmo prédio que eu também e, enquanto eu pensava sobre isso, ela perguntou:
- Você mora em que bloco?
- Oito. - respondi, feliz por ter começado uma conversa. - E você?
- Aqui, no três. - ela disse, virando-se para entrar no prédio dela. - Tchau.
- Tchau.
E assim terminou toda a nossa maravilhosa conversa. Cheguei em casa e fiquei pensando nela. É, tem uma garota legal e bonita que mora no meu condomínio... e muito provavelmente totalmente hétero. Ou não?

Vivo sem saber

Texto originalmente publicado no blog do Leskut. Data: 14 de outubro de 2010 (tenho meus motivos pra colocar a data aqui, algum dia explico).

Não sei de mais nada. Não sei se fiz certo ou fiz errado, se devo ir adiante ou recuar.
Nunca na vida consegui saber o que as pessoas pensam. Sempre crio imagens na minha cabeça das opiniões alheias e, acreditem, elas não são boas. Invento histórias comigo mesma que eu sei que nunca se tornarão reais.
Eu não sei o que eu quero pra mim, eu queria que eu pudesse simplesmente deixar as coisas acontecerem sem ter que fazer nada para que elas aconteçam, mas nunca nada foi assim pra mim. Eu não consigo me mostrar pra mim mesma, esclarecer na minha mente o que eu quero e/ou o que eu preciso! Porque isso é tão difícil? E porque é tão difícil fazer as pessoas gostarem de você?
Eu não sei se quem eu costumo ser agrada muita gente, mas acho que não. Não sou de muitos amigos nem de muitos admiradores. O que eu tenho a oferecer? Não sei, não sei, não sei...


Eu estava levemente surtada nesse dia, mas acontece, né.

Convivendo comigo mesma

Texto originalmente publicado no blog do Leskut.


Tenho que admitir que tudo isso é muito novo para mim. Sou nova e tive alguns namorados na vida, nada além disso. Nunca experimentei drogas, nunca fui de fazer loucuras, nunca fui de ir contra as regras sociais. Até que, com o tempo, fui percebendo que as chamadas "regras sociais" são um bando de besteiras (a maioria delas, não todas). Porque eu não posso usar a roupa que eu quero? A minha roupa é diferente demais para os outros? E porque eles não podem aceitar isso?
Nos últimos anos decidi prestar mais atenção em mim mesma, no que eu realmente gosto. Não é como se nunca na vida eu tivesse pensado na possibilidade de gostar de mulheres, muito pelo contrário. Diversas vezes na vida, desde bem novinha mesmo, senti algum tipo de desejo diferente, mas encarava isso como pura curiosidade. Atualmente, já acho que não é só curiosidade. Como eu sei? Eu não sei.
A verdade é que eu nunca provei o beijo feminino. Já provei muitas bocas, todas masculinas [esse detalhe mudou um pouquinho nos últimos tempos, desde que eu escrevi o texto original]. Por isso, tudo o que penso é teoria. Eu fico teorizando sobre mim mesma e sobre meus sentimentos para ver se assim consigo me compreender, consigo perceber o que acontece aqui dentro.
E se eu for heterossexual mesmo e pronto? É possível também, apesar de achar pouco provável. O desejo que tenho sentido cada vez mais intenso pelo sexo feminino não pode ser mera curiosidade, é um desejo real [e eu descobri que era/é real MESMO]. Ocorre quando estou no ônibus e vejo uma menina bonita e tenho vontade de puxar assunto, só pra conhecê-la. Ou quando uma menina senta ao meu lado e eu tenho vontade de encostar no seu braço, na sua mão, no cabelo... em qualquer lugar, só pelo prazer de tocá-la.
Eu sei o que é essa vontade que eu sinto: é uma atração sincera. Eu sei porque já passei por isso inúmeras vezes com homens ao longo da minha vida... Aquelas incertezas de primeiro encontro.
Quando penso nas mulheres, me vem uma admiração enorme na mente. Acho as mulheres incríveis! Lindas, sensuais, atraentes, sedutoras... Mas e os homens? Também acho os homens bonitos, também quero que eles me notem, também tenho vontade de tocá-los, de conhecê-los.
A vida é muito ampla para ser limitada a rótulos. Nós não deveríamos ter que decidir se um dia vamos nos assumir ou não. Nós deveríamos apenas conseguir nos aceitar e a sociedade de modo geral deveria entender isso, sem julgar ninguém! A família deveria amar a todos sem preconceitos, os amigos deviam ser amigos da pessoa, independente das escolhas pessoais....
No momento estou tentando me assumir pra mim mesma [ou entender o que eu realmente quero]. Eu já aceitei que posso ser bissexual, lésbica ou qualquer outro rótulo que tenham inventado por aí, eu só ainda não sei se é isso que eu sou. O único meio de descobrir é experimentando. E o que mais é a vida além de uma enorme sequência de experiências?

Isso ou aquilo?

Texto originalmente publicado no blog do Leskut.

Durante toda a vida somos condicionados a decidir 'o quê' somos: se somos de esquerda ou de direita, se gostamos de música sertaneja ou pop, se somos caseiros ou baladeiros, se gostamos de homens ou de mulheres... Dentre tantas outras coisas. O que, para mim, fica meio sem sentido, é o porquê disso tudo. Eu acho que é uma questão de identificação social, uma procura por pertencer a algum tipo de grupo. Mas acontece que nem todo mundo é isso OU aquilo, nós podemos ser isso E aquilo.
Podemos votar num candidato de esquerda mas concordar com ideologias de certo candidato de direita. Podemos ser fãs de música sertaneja e ter algumas músicas pop na playlist. Podemos ter dias que queremos sair para a balada e dias que tudo o que queremos é ficar em casa. Da mesma forma, podemos gostar de homens e de mulheres.
Sempre vejo uma pressão muito grande para que se tome uma decisão. "Você é gay? Você é lésbica? Você é heterossexual?". Felizmente, nos últimos anos a gama de rótulos vêm aumentando, o que eu espero que mostre para as pessoas que só estamos precisando inventar novos nomes porque os antigos ficaram restritos. Gosto muito de dizer que amo o ser humano. Amo pessoas, não gêneros. É isso que eu gosto de dizer sobre mim. Acredito que todos sejamos assim. Todos amam pessoas, no geral. O que difere é o desejo íntimo, físico, uma pura questão de atração que, em algumas pessoas, pode ser igual independentemente do gênero.
Porque eu não posso me atrair por homens e por mulheres? Porque eu não posso adorar sentir braços masculinos e um abdomen me abraçando por trás e ao mesmo tempo admirar a delicadeza de uma mulher e as formas delineadas de seu corpo? Porque eu tenho que escolher?
Gostar dos dois sexos não é só uma questão de pessoas que não conseguem se decidir ou que querem uma "suruba", ou não estão nem aí pra nada sério. É uma questão de quem você ama. Algumas pessoas amam homens, outras amam mulheres e outras amam os dois. Qual é o problema disso? Vamos lutar contra todos os preconceitos, não só contra aqueles que nós somos atingidos.
Afinal, não é porque eu sou branca que não vou defender o fim do racismo.



"Eu gosto de homens e de mulheres, e você, o que prefere?" - Ana Carolina e Angela Roro


E, só pra constar, agora eu não estou mais tão convicta da minha bissexualidade - por assim dizer -, continuo apenas dizendo que gosto de pessoas.

I dreamed a dream

Pessoas são seres muito complicados. Sempre tentei entender ou adivinhar o que se passava na cabeça dos outros e sempre me dei mal por isso, pois minha imaginação realmente pode me sacanear às vezes. Acho que sou uma pessoa com muitas vontades, muitos desejos e senhos e, por isso, imagino muito sobre as coisas que não realizei. Inclusive acho que esse é um dos motivos de eu sempre ter gostado de escrever ficção. Na realidade, muitas histórias fictícias que já escrevi ao longo da vida (que não foram poucas) eram reflexos dos meus desejos frustrados, das minhas expectativas inalcançadas.
Já escrevi sobre grandes amores, grandes amizades, sobre pessoas bem realizadas na vida. Acho que depositar nossos sonhos em textos fictícios é algo normal pra quem gosta de escrever.
Uma amiga há alguns anos atrás escreveu a história de uma menina que tinha acabado de perder muito peso e que antes era gordinha e a autora, minha amiga, era gordinha e queria perder peso. Então acho que o fato de eu sempre escrever coisas que refletem minhas questões pessoais é meio normal.
Antes de ontem eu estava na rua pensando que tinha uma coisa X que eu precisava fazer e que ia chamar uma amiga para ir comigo. Não demorou muito para eu começar a viajar com a possibilidade de acontecer uma coisa que na realidade nunca aconteceria e isso me rendeu mais um trecho da história que estou escrevendo atualmente. No fundo, isso tudo acaba sendo positivo, já que eu quero escrever uma boa história da qual eu me orgulhe.
Enfim, a idéia desse blog é poder escrever essas brisas doidas da minha cabeça e compartilhar com alguém, porque ultimamente eu tenho sentido falta de "alguéns" pra compartilhar qualquer coisa na minha vida... E, bom... Se alguém efetivamente acompanhar o blog logo perceberá o porque de eu não me identificar claramente. Tem certas coisas que não precisamos dizer pra todo mundo, mas precisamos dizer pra alguém.