12 de novembro de 2010

Convivendo comigo mesma

Texto originalmente publicado no blog do Leskut.


Tenho que admitir que tudo isso é muito novo para mim. Sou nova e tive alguns namorados na vida, nada além disso. Nunca experimentei drogas, nunca fui de fazer loucuras, nunca fui de ir contra as regras sociais. Até que, com o tempo, fui percebendo que as chamadas "regras sociais" são um bando de besteiras (a maioria delas, não todas). Porque eu não posso usar a roupa que eu quero? A minha roupa é diferente demais para os outros? E porque eles não podem aceitar isso?
Nos últimos anos decidi prestar mais atenção em mim mesma, no que eu realmente gosto. Não é como se nunca na vida eu tivesse pensado na possibilidade de gostar de mulheres, muito pelo contrário. Diversas vezes na vida, desde bem novinha mesmo, senti algum tipo de desejo diferente, mas encarava isso como pura curiosidade. Atualmente, já acho que não é só curiosidade. Como eu sei? Eu não sei.
A verdade é que eu nunca provei o beijo feminino. Já provei muitas bocas, todas masculinas [esse detalhe mudou um pouquinho nos últimos tempos, desde que eu escrevi o texto original]. Por isso, tudo o que penso é teoria. Eu fico teorizando sobre mim mesma e sobre meus sentimentos para ver se assim consigo me compreender, consigo perceber o que acontece aqui dentro.
E se eu for heterossexual mesmo e pronto? É possível também, apesar de achar pouco provável. O desejo que tenho sentido cada vez mais intenso pelo sexo feminino não pode ser mera curiosidade, é um desejo real [e eu descobri que era/é real MESMO]. Ocorre quando estou no ônibus e vejo uma menina bonita e tenho vontade de puxar assunto, só pra conhecê-la. Ou quando uma menina senta ao meu lado e eu tenho vontade de encostar no seu braço, na sua mão, no cabelo... em qualquer lugar, só pelo prazer de tocá-la.
Eu sei o que é essa vontade que eu sinto: é uma atração sincera. Eu sei porque já passei por isso inúmeras vezes com homens ao longo da minha vida... Aquelas incertezas de primeiro encontro.
Quando penso nas mulheres, me vem uma admiração enorme na mente. Acho as mulheres incríveis! Lindas, sensuais, atraentes, sedutoras... Mas e os homens? Também acho os homens bonitos, também quero que eles me notem, também tenho vontade de tocá-los, de conhecê-los.
A vida é muito ampla para ser limitada a rótulos. Nós não deveríamos ter que decidir se um dia vamos nos assumir ou não. Nós deveríamos apenas conseguir nos aceitar e a sociedade de modo geral deveria entender isso, sem julgar ninguém! A família deveria amar a todos sem preconceitos, os amigos deviam ser amigos da pessoa, independente das escolhas pessoais....
No momento estou tentando me assumir pra mim mesma [ou entender o que eu realmente quero]. Eu já aceitei que posso ser bissexual, lésbica ou qualquer outro rótulo que tenham inventado por aí, eu só ainda não sei se é isso que eu sou. O único meio de descobrir é experimentando. E o que mais é a vida além de uma enorme sequência de experiências?

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