18 de junho de 2015

Rotina utópica

Queria acordar as nove horas da manhã, num dia agradável - aquele frio saudável pra curtir debaixo das cobertas, mas não o suficiente para dificultar a saída da cama -, sem precisar de despertador. Me espreguiçar na cama, sentir os lençóis quentinhos, o edredom aconchegante. Me enroscar um pouco mais nas cobertas e afundar a cara no travesseiro, sentindo todo o conforto e a alegria de estar na minha cama. Depois eu me levantaria, calma, sentaria na cama lentamente e deixaria escapar um bocejo lento de início de manhã. Sairia da cama com calma, para ir até o banheiro. O chão não estaria gelado e a água do chuveiro massagearia meus ombros.
Lavaria o cabelo e o corpo com calma, com uma música ao fundo - dessas de acalmar o coração -, aproveitando cada momento daquele banho. Sairia na toalha, colocaria um roupão e, depois de todo o processo de cuidar do cabelo, iria até a cozinha providenciar o café da manhã.
Na minha geladeira teria as coisas que mais gosto, e colocaria água para esquentar pra fazer um chá, enquanto olharia o celular pra ver as boas novas da manhã.
Tomaria meu cafe da manhã tranquila, com a cã e a gata - agora finalmente acordadas - me acompanhando. Poderia enrolar um pouco papeando no WhatsApp ou respondendo algum e-mail de trabalho. Depois iria me arrumar, com tempo. Pensaria na roupa, cabelo, maquiagem. Me olharia, me sentiria bem comigo mesma, e tranquila pra sair.
Então finalmente eu sairia de casa. Sabe-se lá pra onde, talvez para o trabalho, para a casa de alguém, para o parque. E assim seriam as minhas manhãs, como todos os instantes dos dias deveriam ser: calmos, tranquilos e agradáveis, como um gole de uma boa xícara de chá de camomila.

16 de março de 2015

Vida

Deu vontade de escrever. Vontade de sentir se ainda sou capaz de contemplar e colocar minhas contemplações em palavras. Algum tempo atrás uma conhecida disse que mede o quanto gosta de uma mulher pela quantidade de textos que tem escrito sobre ela... Achei válido.
Escrevo quando estou inspirada, muito apaixonada, muito envolvida, quando sinto que o sentimento não cabe em mim. E escrevo quando não consigo segurar meu coração, quebrado, partido, ferido, dentro do peito. Quando é preciso colocar pra fora para ver se dói menos.
Dessa vez ele doeu muito. Muito mais do que eu poderia imaginar, muito mais do que as próprias lágrimas deram conta. Chorei, chorei muito, mas as lágrimas e os gritos pareciam não ser suficientes para o tanto de dor que havia em mim.
E não escrevi.
Não escrevi uma linha sequer para mim mesma, e ao mesmo tempo me analisei a cada segundo. Fiquei tentando entender, ver sentido, compreender o meu próprio sofrimento e o meu próprio processo. E só comecei a melhorar quando me disseram: "para de tentar entender o que você está sentindo, e só sente". Não era fácil só sentir, mas era menos doloroso, por algum motivo.
E a vida segue. Não me sinto inspirada, não me sinto motivada, não me sinto disposta. Mas sinto que preciso fazer alguma coisa, mesmo sem saber o que é. A escrita não tem sido meu refúgio como sempre, nem os amigos e nem a bebida. Não sei onde está o aconchego perdido no momento em que ela foi embora. E não sei onde encontrar algo assim novamente.
Só sei que continuo vivendo por falta de opção e por acreditar que um dia o sentido de tudo vai se iluminar novamente e a vida vai recomeçar como ela nunca deveria ter deixado de ser: viva.

23 de julho de 2013

minha bonitinha

Então lá estava eu: deitada na minha cama, com o tronco encaixado entre as pernas dela, sentindo e olhando para seu corpo nu.
Não sei se era o fato de saber que agora ela era realmente minha, ou se era a alegria de ver aquele corpo incrível novamente depois de uma semana, ou se era simplesmente felicidade. Eu só não conseguia parar de olhar e sorrir internamente. Talvez fosse uma mistura de tudo, somada ainda ao sexo incrível que tínhamos acabado de fazer... Alias, seria aquilo simplesmente sexo? Parecia mais que isso.
Enquanto eu a sentia me tocar, a sensação era muito mais do que uma resposta física do meu corpo... Assim como a sensação que eu tive ao tocá-la. Era mais do que sexo. 
E agora eu estava ali, naquela felicidade transbordante que era tanta que eu não conseguia expressar, por mais que quisesse muito.
Algum tempo depois lá estava eu, olhando para ela. Ensaiei muitas vezes dizer: "você é linda", mas a única coisa que saía era um sorriso, mesmo que tudo o que eu conseguia pensar naquele momento era em como ela era linda e como eu estava feliz por ela ser a minha namorada.
Sorri, sorri muito. Ela tambem sorria... As vezes um sorriso tímido, outras um sorriso aberto. Sempre lindo...
Ainda mais algum tempo depois, ja estávamos vestidas. Eu continuava olhando para ela e a achando tão linda que cheguei a pensar que fosse a cor da blusa que estava destacando aquela beleza toda, mas aí me lembrei do quanto eu ja estava achando ela linda quando estava sem roupa.
Só consegui falar no dia seguinte, meio rapidinho, por impulso, quando estávamos tirando fotos e, quando olhei para a carinha fofa dela em uma das fotos, não me controlei e disse: "você é tão bonitinha, sabia?", mas internamente eu estava dizendo: MULHER, VOCÊ ME TIRA A RAZÃO.

29 de maio de 2013

Te quero

Te quero. Te quero aqui, te quero agora.
Te quero me acordando nessa manhã gelada e virando pro lado com preguiça de acordar.
Te quero me dando beijos surpresa e me confundindo o tempo inteiro com eles.
Te quero me fazendo caras e bocas que eu não consigo decifrar, só pra me deixar morrendo de curiosidade.
Te quero aconchegada em mim na cama, ou oferecendo o ombro para que eu me aconchegue em você.
Te quero dando risada e me atormentando, falando besteira e fazendo piada de tudo.
Te quero agora. Agora, nesse momento.
Te quero sabendo que isso pode não ser nada, sabendo que isso pode ser simplesmente assim como é.
Te quero sem pensar no futuro, sem fazer grandes planos ou idealizar uma vida.
Te quero simplesmente porque te quero.
Te quero porque é bom.
Porque querer é diferente de amar, diferente de precisar.
Querer é urgente e sincero.
Te quero sem medo de dizer que te quero. E isso basta.




(Reflexões de uma manhã carente)

manhã

Acordei. Me movimentei lentamente e senti um calor próximo ao meu rosto: as costas dela. Aproximei o rosto e a acariciei com minha bochecha, sentindo aquele carinho da manhã me acordando. Me ajeitei na cama, acomodei meu corpo ao dela, ficando o mais próxima que conseguia. Encaixei minhas pernas em suas curvas e passei meu braço ao redor de sua cintura, trazendo-a para mim e sentindo deliciosamente o contato dos nossos corpos. Ergui um pouco a cabeça e depositei um beijo em seu ombro, seguido de outro na clavícula e mais um no rosto. A observei ali, dormindo, de olhos fechados e expressão tranqüila. Como era bom acordar com uma mulher assim dormindo nua ao seu lado. Depositei mais um beijo em seu rosto antes de deitar-me novamente, enfiar a cara no calor das suas costas e voltar a dormir.

30 de abril de 2013

meia volta e.. mudança de rumos!

Quando um simples gesto te faz repensar tudo o que você estava fazendo e atentar o olhar com mais cautela pra determinadas coisas. Quando você tenta voltar a se permitir sentir, se deixar levar, se deixar entregar.
A entrega pode ser muito fácil, mas pode ser quase impossível. Tudo é uma questão de se permitir. Uma hora precisamos parar de pensar se estamos nos permitindo de mais ou de menos e simplesmente deixar que as coisas tomem seus rumos naturalmente... Mesmo que no final o tombo seja muito maior e mais dolorido.

o medo do medo do medo do medo do medo do medo... de quê?

Texto escrito originalmente em Dezembro de 2012.

Tenho medo. Sempre tive, sempre terei. Muito medo. Mas o medo que me angustia agora é um medo novo. É um medo que eu não conheço, um medo que me deixa com mais medo, com medo de ter esse medo e com medo de esse medo não passar. Eu estou com medo de sofrer, acho, mas ele se traduz em medo de me envolver, medo de entrar num relacionamento, medo de me prender a alguém. E aí dele decorre o medo de fazer alguém sofrer por não me envolver o suficiente ou por a pessoa querer mais do que eu estou disposta a dar.